EXAUSTÃO
Eu sinto como se meu peito fosse explodir. Meus olhos tremem e minha mente não consegui conter os pensamentos. Já é tarde e, o silêncio se faz ouvido num zumbido agudo em meus ouvidos. Meu cérebro parece inchado, meu estômago dói, os sonhos me chamam para dançar, mas meus pés estão exaustos e minhas pálpebras não desejam ver a luz raiar. Como foi que me perdi? Como cheguei a esse lugar sem nexo, de sentidos rasos e cheio de dor? Há razões para viver assim? Essa interrogação me rasga a alma. Não tenho ânimo. Sei o caminho e a direção, mas a força se faz vazia sob meus pés. Um suspiro forte e pesado enche meus pulmões. Será mesmo um novo dia amanhã? Até quando serei resiliente a todo esse enredo que me abraça sem piedade? Sou eu, tão somente eu, culpado por tão má atuação. Na contagem de mim sempre me sobra espaços vagos entulhados de sonhos desencorajados. Até quando esse espinho vai me atormentar? Até quando serei capaz de suportar o peso de conter minha alma encapsulada em mim? Meu choro lavado a seco detém minhas palavras, como num jogo cruel de adivinhações, algumas letras insistem em ir para a forca, deixando meus olhos famintos por chuva. Minha mão não teme falar o que minha boca não ousa pronunciar, sem medo ela tece, unindo letras e, aos poucos, todo esse emaranhado farpado em meu peito se desfaz. Meu pensar cansado se acalma e então, consigo descansar. Minha esperança é que o amanhecer seja um lindo dia azul e que as palavras sejam menos pesadas. Sei que tudo agora, amanhã, talvez, não fará sentido nenhum, mas hoje tudo isso me fez sentir, sentir que preciso regar minhas forças até ser dia perfeito. A forca de hoje não fechou, venci mais uma. A última letra não morreu.
Às vezes é preciso sangrar, por um curto tempo, para que cicatrização seja completa.