O Boêmio e a Solidão
Sinto-me surda diante dos ruídos que me atordoam,
Tua falta é absurda, por que não estás aqui, por que
Não me tiras para dançar, por que sem ti não desejo bailar?
Dentro de meu silêncio etílico revolvo meu pensamento idílico,
Será que te amo ou meu peito que está em solene solidão?
Só Baco conhece o que meu coração oculta neste momento, e observa a tudo, atento.
Não, não é falta de ti o que me preocupa, é o medo do esquecimento, do vazio,
De perceber que no afã da multidão onde os rostos se multiplicam,
Sinto muita solidão e nem me dou conta dos que me rodeiam, alheios à minha situação de aflição.
Os casais, os dançarinos, o cantor, os vizinhos transpirando em êxtase
Ao som da música que ensurdece, é incrível como tudo é gênese quando penso em ti e retorno ao estado inicial onde tudo é possível mas a mim me parece incrível.
E sei que tu nesse momento adormeces, simplesmente. Ou bebes como eu, em transtorno meticulosamente calculado e frio para esquecer dos problemas que afligem a mente, totalmente sem razão pois esta jamais será a solução.