Tal veneno
Inconscientemente, hoje peguei-me revirando memórias, em minha alma desnuda, vesti-me de saudade, lembrando nossa história
Revirei ilusões perdidas, e pude sentir o gosto amargo da despedida
Quisera eu, poder rasgar-me por dentro e arrancar a dor que tem sido meu desvalido tormento.
Hoje bebi a dose letal deste veneno que é lembrar de tudo que deveria esquecer, uma canção tocada num tempo que ficou perdido, as linhas misturadas de um poema ainda sentido,
Memórias que sabotam minha sanidade, deixando-me à mercê desse mal chamado saudade.
Um mal reviver caminhos que já foram apagados, que já foram interrompidos, tomar um golpe mortal deste cálice que embriaga, disseca, nos consome e nos desfaz de toda hombridade.
Tais pensamentos causam-me frio que percorre toda extensão do meu corpo já amortecido, como se a morte beijasse minha face com seu irônico e imoral riso.
Posso sentir minha respiração ofegar, sufocar-me, sinto-me em desvantagem tenho que lutar com essa maldita saudade que chega assim do nada e minha alma invade...e a todo momento bebo deste cálice, desse mordaz veneno que corrompe toda verdade.
Quero gritar, chorar...mas as lágrimas não mais existem, mas aqui dentro eu ainda sinto, o gemido que ecoa fazendo-me anuir tudo que evito, tudo que um dia nos representou, deveria ter forças pra lutar, essa saudade extinguir, mas é impossível separar-te de mim ... desconstruir monumentos que eregi, derrubar ilusões que eu mesmo concebi pois... inconscientemente ainda ouço a saudade bater à minha porta, a tocar uma canção fazendo-me lembrar tudo que o tempo não foi capaz de apagar até agora.