SILÊNCIOS ENSURDECEDORES.

" Quando estou muito quieta por fora, é que dentro de mim alguma coisa grita, e eu preciso me ouvir"- Clarice Lispector.

A alma qual tela que se deixa compor aos poucos com tons/ sons/ temas/cores/ penumbras / luz, retrata externamente o que estranhamente se disfarça em sua eterna criação.

Sorrisos que brilham os olhos e lágrimas que aquietam os lábios.

Ritmos (des) compassados que torpes dançam entre passos ligeiros mesclados de ontens e incertos amanhãs.

Cotidianamente me ( re) construo entre rabiscos de mim mesma, um parto ao avesso, nascer e renascer por dentro , juntar cacos e derramar últimas gotas.

Só assim entre palavras me sustento , busco novos retalhos para alinhavar a colcha da vida e ir formatando letra por letra as páginas do livro de minha alma.

Em absoluto silêncio componho os sons da minha existência.

Quanto em mim existem de múltiplos gritos mudos e infinitos silêncios ensurdecedores!!

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 29/10/2021
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