Diante da dor II

De repente, não mais que de repente, tudo tornou-se angustia, boca amarga. Em alguns momentos sentia como se a pele houvesse afinado a ponto de sentir o sangue correr frio...formigava...-o medo é isso -... uma sensação que jamais houvera experimentado ou experienciado... o medo do desconhecido, o medo do que não temos domínio...o medo da extinção do corpo físico, o medo da ausência eterna, o medo da extinção repentina dos sentidos...o medo da dor ser infinda, da lágrima ser infinda, o medo da surpresa tornou-se de um minuto para outro coisa física, que ressecou-me a boca, tirou-me o sono, me fez tremer as mãos e sentir o meu sague como que gélido correr ora pelo rosto, ora pelos braços e mãos, nunca houvera sentido tal sensação...mergulhei então na leitura, tarde a dentro...quis saber - o que sentias -...vi a poesia real da vida - o corpo contra o corpo ou o corpo desordenado - lutando - células amontoando-se? Lágrima corria a face límpida e serena, sem controle a alma põe-se em soluço serenamente... nunca havia sentido nada tão real, a -poesia da vida -, aquela criada meticulosamente pelo Criador...organização perfeita - agora desorganizada solicitando ajuste. Tive egoisticamente por um segundo pena de mim, em seguida alinhei o pensamento e tive a certeza de toda fragilidade humana. Todo amor em desalinho, todo corpo em desalinho -toda dependência latente, toda fragilidade visível - tive certeza de amor, a estranheza física e certeza de amor - amor alma, amor espírito amor para qualquer tempo, quis gritar, Deus me pôs em silêncio...-tempo de orar-...caminho...ouvindo a distância e o silêncio...amo-te...amo - te...amo-te...tua serena dor me desconcerta... apenas oro nenhuma palavra dita faz sentido, nada faz sentido - sou profunda oração por ti... silêncio e fé.

VivianMariaMaranhão
Enviado por VivianMariaMaranhão em 29/10/2021
Reeditado em 29/10/2021
Código do texto: T7373773
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