Em Um Logradouro Poético e Histórico

Entre a Estação Ferroviária e o prédio da antiga faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Barbacena – FUPAC – há a Rua Alvarenga Peixoto, conjurado mineiro que fez de Bárbara Heliodora, poeta, mineradora e ativista política, sua musa.

No contemporâneo o nome Bárbara Heliodora se refere à conhecida professora e crítica de Teatro especialista em Shakespeare. Por isto, se no passado era a musa do poeta conjurado e nomeia alguém que se liga a um movimento ideológico que pretendia a instalação da República a partir de Minas Gerais, na atualidade se liga ao mundo da arte também. Ambos os nomes, Alvarenga Peixoto e Bárbara Heliodora surgem no contexto em que se buscava referência para a nova forma de governo que fugisse do imaginário monárquico.

A república foi proclamada em 1889 e a rua surge como adjacência do moderno trazido pela república: a instalação da rede ferroviária.

Nesta rua o casario é marcado por arquitetura típica do período político que aos poucos se modifica. Ali há frontões com datas de quando as casas foram construídas. A mais antiga data que se observa é de 1889 e se passeia por 1918 e outras que não se mostram mais por causa de reformas de abaixamento de telhado ou mudança total na arquitetura. Em casos assim há de se compreender a realidade. Ou o poder público faz o tombamento histórico ou o particular familiar temendo perder os imóveis os modificam. Lembramos que o espaço histórico refrete o contexto social, econômico e político de um período. E o espaço geográfico é um espaço construído e reconstruído conforme as necessidades e conveniências.

Neste domingo que antecede a data desta crônica, caminhando para manter a saúde física e mental nesta pandemia que assola o mundo, me direcionei ao tal logradouro. Foi um exercício de memória por espaço afetivo. O prédio da FUPAC foi adaptação de um imóvel na chácara onde se produzia flores e frutos sendo uma referência histórica para a cidade e região.

Leonardo Lisbôa

Crônica

Barbacena, 25/10/2021

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