O que ela sentia?
Cheiro de roça..
Chuva com terra molhada, gado se escondendo, lenha queimando e o sol se escondendo.
Com um livro na mão e uma xícara de café na outra, ela seguia se enchendo de historias e esperança.
Em uma rede velha, usando seu óculos e pantufas, um vestido com babados e botões, e um olhar negro e brilhante.
Entre fileiras de livros e histórias, ela se esconde e vive em palavras ditas que não puderam ser vividas.
O medo da rejeição, a ansiedade que atropela o tempo certo de cada coisa, a angustia por superar as expectativas..
O que ela sente ao viver a vida das suas personagens preferidas, jamais se tornaria real.
Ela é do século 21, geração Z, tech é tudo, tech é vida..
Mas para ela, parecia um labirinto sem saída.
Com uma personalidade antiga, praticamente uma relíquia na juventude, alguém de outra época.
Sem encaixe ela seguiu nesse caminho, o qual somente um coração acelerado a pode distrair, confundir e amar.
O amor é realmente mais importante que tudo?
Nos livros não há como escolher quem se ama, simplesmente acontece e dá tudo certo.. a não ser que dê tudo errado!
Ela sentiu, sentiu por mais, sofreu demais.. saiu de trás e se entregou.
O que ela sentia já não fazia mais sentido, não era maior do que a dor sofrida, os momentos ruins, as péssimas decisões, os gritos, as brigas, a bipolaridade de um amor frágil..
Bem diferente dos livros, do amor composto em cada palavra, do sentimento transbordante que a fazia derramar lágrimas, das ocasiões de alegria que lhe enchiam o coração de desejo e o corpo de alma...
O que ela sentia?
Desculpe, mas ela não sabe.