ADEUS À VELHA ESTRADA

Às vezes é preciso fugir da velha estrada,

numa ânsia de nós mesmos,

e procurar na calma fresca da tranquilidade

os frutos doces das explicações

tornadas desnecessárias.

É preciso tornar novamente possíveis

todas as palavras, sem medos ou peias, e

sem a preocupação antecipada pelo correto.

É preciso sentir que é nosso

esse caminho, a ser feito de escolhas por fazer.

É preciso fugir a esse comportamento esperado,

desejado, desejável, previsível, instalado,

que nos rotula e identifica, que

manieta entre limites e

nos impede de criar.

Às vezes é preciso ficarmos sós, sem ecos,

desfrutando do que somos já.

E talvez com isso nos percamos,

e deixemos de lado partes importantes de nós

que também nos são preciosas

e que gostaríamos de manter presentes

no nosso caminho.

Mas não, nunca chegamos a ser

o que não podemos ser verdadeiramente.

E isso, às vezes,

dói demais.

Henrique Mendes
Enviado por Henrique Mendes em 19/10/2021
Reeditado em 21/10/2021
Código do texto: T7367128
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