Intrépida
Alma intrépida, por que não se aquieta?
Alma imensa que não conhece limites, que voa pelos ares, sem morada, sem alento, que vive entre os mundos por caminhos incertos...
em desalinho...
em descaminhos...
em desatinos...
Alma minha por que sofres pelas agruras do tempo, por que desse tormento?
Já foi o tempo dos desafetos, da escuridão, agora jaz toda tua compreensão sobre os martírios da vida...Não se inquiete, não se detenha onde não é seu lugar, alma peregrina, se permita sonhar.
Lance fora a poeira dos lamentos, lance fora as lembranças, o tormento.
Agora é o tempo de se renovar, solte as amarras peregrina, exponha as sua asas pra voar...
Não se detenha no caminho, onde a dor foi seu desatino, onde as pedras banharam de sangue seus pés descalços, onde chorou sedenta, bebendo próprias lágrimas no ambiente escasso...
Escassez de todo tipo de sentimento, escassez de compreensão, só a dor e a escravidão, foi teu galardão.
Rodopia alma arredia, que se bate todas as noites na cama vazia, teu corpo não te aprisiona, é casa, é refúgio de gratidão hedionda.
Acorda alma aflita!
Já é hora de se libertar, se permita uma nova história, com as experiências marcadas na memória.
Não se diminua alma inquieta, tu és deveras grandiosa, tua jornada é gloriosa, és poesia, és mulher, és Maria estrondosa, que onde pisa teus pés, ecoa um alarido de dimensão grandiosa!
Alma que nasceu pra ser livre, que não se encaixa longe de profundidade, alma tantas vezes abismo, que grita com o coração aflito...Alma de mulher que não nasceu pra ser contida, alma nua e crua, alma de Maria.
Alma que range os dentes, alma que cerra os punhos, alma de grito infinito, que briga, que não se intimida, que não se cala, tua és mulher, nada a ti se compara.
Heterônimo: Maria Mística