"Do medo à vergonha"
Era uma vez o Medo. Assim, tão simples e assombroso, tão silencioso e devasso surgiu. Cauteloso apenas na aparência, mas astuto e invencível em suas atitudes. Revelou em face demente a altivez imposta em seu nome. Garras assustadoras, voz insana, olhar tenebroso e mente sagaz.
Não titubeou, ressurgiu imerso em sua ira. Vagueou. Estatelou e emperrou seu terror.
Congelei-me momentaneamente. Sacudidelas na alma, arrepios em todo o corpo, gélida tornou-me as mãos, assentou-me a devassidão de seu negro e temido olhar: estagnei!
Instantes longinquamente se passaram, alteei minha voz. Impus meu escudo: vitória!
Ateei fogo em suas garras afiadas; resvalei a coragem na face já rejeitada do tal Medo, e então apequenado tornou-se a Vergonha.