O AMOR

O amor tem jagunços.

Ele te acha.

Veja você o que aconteceu comigo.

De medo dele eu me escondia.

Caverna, casa de amigos,

bigode falso, óculos.

Não adiantou.

Da última vez escutei o toc- toc na porta,

corri, me escondi debaixo da cama, tremia.

A mão levantou a beirada do lençol

e mostrou uma foto, de costas.

Fechei os olhos, bem forte, escutei a voz:

- olhe...

Abri um olho, depois o outro.

Era ela, a Rosinha.

Sai, bem devagarinho, debaixo da cama.

Não tinha ninguém.

Tinha, sim, nascido uma vontade enorme

de ver essa moça, rosto de anjo.

Saí, apressado, a noite estava escandalosa.

As estrelas brilhavam mais do que de costume.

Me lembrei onde ela morava, fui até lá.

Trêmulo, subi a escada, bati na porta,

toc, toc, toc.

A porta abriu devagar, era o Amor.

Ele disse: entre...ela está te esperando.