Sem asas

A chuva caindo fria lá fora –

Aqui dentro, tentando alçar voo.

É tudo tão contraditório –

Nas linhas que traço.

Nos sonhos que almejo,

Sinto o cheiro da morte –

E suas nuances.

Impregnando em arrepios,

O coração palpitando,

Falta de ar.

Será que estarei sozinha?

O fogo ardendo na pele,

Criando veios –

Completo alarde.

Até quando?

A vida passa lentamente,

Caindo – Gota a gota.

Contando passos –

Dilacerando a alma,

Rasgando os versos.

As palavras antes –

Tão bem encaixadas,

Tornam-se volúveis,

Realidades indissolúveis.

Fora de contexto,

Não há métrica.

Nem muito nexo,

Está tudo pelo avesso.

Assim prossigo –

Demarcando com sangue,

Cada instante.

Tudo tem cheiro de tinta,

Cor de carmim.

No lusco fusco da atmosfera,

Onde engrenagens enferrujadas –

Teimam em se movimentar.

Até que algum dia expire,

E eu possa descansar –

Dessa velharia –

Sistema retrógrado!

Ao menos em paz,

Em uma pequena...

E infinita esfera.

Sem alguma espera –

Mediocracia.

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 11/10/2021
Código do texto: T7361345
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