Sem asas
A chuva caindo fria lá fora –
Aqui dentro, tentando alçar voo.
É tudo tão contraditório –
Nas linhas que traço.
Nos sonhos que almejo,
Sinto o cheiro da morte –
E suas nuances.
Impregnando em arrepios,
O coração palpitando,
Falta de ar.
Será que estarei sozinha?
O fogo ardendo na pele,
Criando veios –
Completo alarde.
Até quando?
A vida passa lentamente,
Caindo – Gota a gota.
Contando passos –
Dilacerando a alma,
Rasgando os versos.
As palavras antes –
Tão bem encaixadas,
Tornam-se volúveis,
Realidades indissolúveis.
Fora de contexto,
Não há métrica.
Nem muito nexo,
Está tudo pelo avesso.
Assim prossigo –
Demarcando com sangue,
Cada instante.
Tudo tem cheiro de tinta,
Cor de carmim.
No lusco fusco da atmosfera,
Onde engrenagens enferrujadas –
Teimam em se movimentar.
Até que algum dia expire,
E eu possa descansar –
Dessa velharia –
Sistema retrógrado!
Ao menos em paz,
Em uma pequena...
E infinita esfera.
Sem alguma espera –
Mediocracia.