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ADEUS

Não pensei em te deixar, fechei os olhos pra poder respirar, foi aí que entendi que tão tua me tornei que nem mesmo sei o caminho de volta, sou pedaços de mim agora, não inteira, em cacos. Transbordo súplicas e inconstantes desejos, mas não pensei em te deixar, só quis sentir meus pés fora da terra, entender que sou éter, volúvel, notável. Misturei-me com a ventania e fiquei ali, esperando entender como me fiz tão insubstancial , impregnada de teu ser.

Penso em te deixar, quem sabe na madrugada, enquanto dormes, ressonas e encaras teus pesadelos. Quem sabe quando eu me olhar no espelho e me enxergar.

Não quis te acordar, andei pensando, há tanto pra viver! Quero planar sobre os penhascos, misturar-me com os organismos. Meu carrasco sempre foi o medo, renunciei ao batismo e fiz-me pagã pra viver ao lado teu. 

Mas agora, agora eu vou, vou deixar a brisa me guiar, ouvir meu coração e me arriscar, vou te deixar, adeus!



                                                         Sandra Laurita

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*Interação do poeta Jacó Filho*

Se vai para ser feliz,
Só tenho que apoiar,
E quando quiser voltar,
Não bancarei o juiz...


*Interação do poeta Herculano Alencar*

A matemática do adeus

O adeus é um fim de divisão,
que dá imprecisão ao quociente.
Por mais que se divida, mais se sente
uma batida a mais no coração.
A cada novo adeus, uma fração 
da vida se esvai pelo caminho,
mais um numerador segue sozinho,
na fase incongruente da razão.
Pois o adeus ao ser fracionado
o denominador é o ser amado
e o numerador, o próprio adeus.
Assim, na divisão de quem se ama,
vai-se somando à dízima do drama,
o rastro de quem foi juntar-se a Deus.


*Interação do poeta Sérgio Sousa*

Como dói deixar um amor que nos consome e não some, com pena de nós. À sós, não temos tempo de pensar, o amor quer amar, mas, quando alguém dorme primeiro, um ataque sorrateiro de coragem pode nos salvar...


*Interação do poeta Olavo*

"Desde quando você me deixou 
Não consegui mais dormir 
Sonho acordado com seu amor 
Numa saudade que bate aqui," 

*Interação do poeta Vila*

oh, éter que se espalha 

ao vento 

carrega contigo meu sentimento