PRISIONEIRO
Vagar sozinho envolto em um lar cheio
Escutando o silêncio nos gritos cotidianos,
Ecoando nestas paredes de um lar.
És me! És o momento!
Sonolento para com a vida ao meu redor
Envolto em sonhos que me invocam mais alegria
Tantos sentimentos, nestes adormecer,
que gostarias de acordar nos próprios sonhos.
És me! És real!
Dentre os meus pensamentos vívidos,
que nenhum ouvido deseja escutar;
Até param, até deixam minhas palavras entrarem,
Mas não as compreendem, não que fosse o objetivo, o compreendimento!
És me! És um pensamento!
Uma suplica para uma simples indagação
“-Sobre o que estares a falar?”
Mas nada! Só um levantar e o ranger da cadeira a se afastar;
Me rasgam o peito, e me fazem devanear!
És me! És o que passo!
A cada ranger das cadeiras surdas,
Acumulam-se cada vez mais turbilhões de pensamentos
Vividos e oprimidos pelos ouvidos surdos das paredes
A quem falar? A quem recorrer?
És me! És o lar!
Culpa? Ninguém as tem, talvez a ignorância
Se fosse um ser substancial a quem pudesse culpar;
Só as considero-as minhas, como ser, a pensar
As cadeiras rangem, as orelhas captam, mas o pensar...
És me! És intranscedente!
Lamento então o existir a pensar
Sofro solitariamente cercado de corpos vivos
Aprisiono-me no deslumbre de tamanha ignorância
Canso-me de ser, o ser que não é, ignorante pra ser
Puxo um trago, conto algumas anedotas, pra seres um pouco
Não és me! És prisão!
A qual não consigo sair.
Relaxo, tento descansar, durmo para o amanhã
O Sol traz uma pequena renovação
Mas as cadeiras só rangem, e as orelhas só captam
Me sufocam em um dèjá-vu, na utopia do entendimento
Sofro... sofro... e só desejo compreender!
És me! És o amanhã!