PRISIONEIRO

Vagar sozinho envolto em um lar cheio

Escutando o silêncio nos gritos cotidianos,

Ecoando nestas paredes de um lar.

És me! És o momento!

Sonolento para com a vida ao meu redor

Envolto em sonhos que me invocam mais alegria

Tantos sentimentos, nestes adormecer,

que gostarias de acordar nos próprios sonhos.

És me! És real!

Dentre os meus pensamentos vívidos,

que nenhum ouvido deseja escutar;

Até param, até deixam minhas palavras entrarem,

Mas não as compreendem, não que fosse o objetivo, o compreendimento!

És me! És um pensamento!

Uma suplica para uma simples indagação

“-Sobre o que estares a falar?”

Mas nada! Só um levantar e o ranger da cadeira a se afastar;

Me rasgam o peito, e me fazem devanear!

És me! És o que passo!

A cada ranger das cadeiras surdas,

Acumulam-se cada vez mais turbilhões de pensamentos

Vividos e oprimidos pelos ouvidos surdos das paredes

A quem falar? A quem recorrer?

És me! És o lar!

Culpa? Ninguém as tem, talvez a ignorância

Se fosse um ser substancial a quem pudesse culpar;

Só as considero-as minhas, como ser, a pensar

As cadeiras rangem, as orelhas captam, mas o pensar...

És me! És intranscedente!

Lamento então o existir a pensar

Sofro solitariamente cercado de corpos vivos

Aprisiono-me no deslumbre de tamanha ignorância

Canso-me de ser, o ser que não é, ignorante pra ser

Puxo um trago, conto algumas anedotas, pra seres um pouco

Não és me! És prisão!

A qual não consigo sair.

Relaxo, tento descansar, durmo para o amanhã

O Sol traz uma pequena renovação

Mas as cadeiras só rangem, e as orelhas só captam

Me sufocam em um dèjá-vu, na utopia do entendimento

Sofro... sofro... e só desejo compreender!

És me! És o amanhã!

Bruno P S Salgado
Enviado por Bruno P S Salgado em 05/10/2021
Reeditado em 24/10/2021
Código do texto: T7357417
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