HOMENAGEM À TARSILA DO AMARAL E CIDADE NATAL: CAPIVARI/SP

FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI

CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE

CNEC – CAPIVARI

VERÃO/2002

PROJETO*

I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI

TEMA- ORALIDADE, ESCRITA, LEITURA E VIRTUALIDADE: HISTÓRIAS DA ALFABETIZAÇÃO

Prof. Dr. Sílvio Medeiros

Presidente Científico do Evento

1 – PRÓLOGO: "PAPIRO CROMÁTICO HERMENÊUTICO"

À menina Laura,

princesinha Paulista das Campinas de Bragança.

Existe

um poema de Rimbaud intitulado 'Vogais'. Nele, A é negro, E é branco, I é rubro, U é verde, O é azul...

Existe

uma cidade de horizonte sempre-azul-puríssimo intitulada Capivari. Nela, flores policrômicas adornam a paisagem urbana. Detenho-me diante d’uma, d’outra e mais outra. Todas célebres. ABA-PORU: papirómequicóme. Velha negra a narrar assombrações na fazenda São Bernardo; a mãe preta de Tarsila branca. 'Estudo para a Negra': vida-verde-cantante na fazenda. Fotógrafa ambulante: álbum rubro-negro-africano. Existe 'A Negra' no belo grafismo de Tarsila: imagem- escrita desfeita em traços lineares, em clima desejada-mente onírico; movimento em "continuum" movimento inventivo a pressupor a vertigem na lucidez.

Existe

um movimento na pintura intitulado Cubismo. Nele se rompe com os cânones sagrados da representação: arte anárquica, pintura caótica... No quadro somente sementes do real, estilhaços da realidade. Explosiva criação: a mobilização de todos os níveis da inteligência.

Existe

uma fórmula mágica de Horácio intitulada 'Ut Pictura Poesis' (assim como a pintura a poesia).

Existe

uma tela de Tarsila intitulada 'Antropofagia'. Nela, a paradoxal exaltação-destruição do tópos 'Ut Pictura Poesis'; nela, o fazer pictórico no uso da expressão "Tupi or not tupi".

Existe

uma semana de fevereiro de 1922 intitulada Movimento Modernista. Nela, assim como o cultivo do prazer, dentre os salões aristocráticos, o da menina de Capivari é o mais “gostoso” deles. Existe, pereniza Mário de Andrade, o salão da Alameda Barão de Piracicaba congregado em torno de Tarsila.

Existe

um enredo poético de Drummond intitulado 'Brasil/Tarsila'. Nele, o poeta assim enaltece a Musa radiante:

“Tarsila ...

medularmente paulistinha de Capivari reaprendendo

o amarelo vivo

o rosa violáceo

o azul pureza

o verde cantante...

Tarsila

amora amorável d’amaral

prazer dos olhos meus onde te encontres

azul e rosa e verde para sempre.”

Existe

uma composição hermética de Rimbaud intitulada 'Voyelles'. Nela, A existe qual negro e veludoso enxame de esplendentes moscas a varejar em torno aos chavascais... E existe qual alvor de tendas tumescentes, lanças de gelo altivo... I existe quais púrpuras, cuspir de sangue, arcos labiais... U existe quais ciclos, vibrações dos mares verdes, montes semeados de animais pastando, paz das frontes... O existe qual supremo Clarim de estridores profundos, silêncios a esperar pelos Anjos e os Mundos: _ O, o Ômega, clarão violáceo de Seus Olhos!

Existe

uma foto de Tarsila intitulada a “caipirinha vestida por Poiret” à frente de seu 'Morro de Favela', na galeria Percier, rue de la Boëtie [junho de 1926]. “A preguiça paulista reside nos teus olhos” (Oswald de Andrade).

Existe

uma tela de Da Vinci intitulada 'Paragone'. Nela, o renascentista contesta a supremacia que a tradição assegurava à poesia em redução à pintura.

Existe

um slogan debaixo do intitulado Arlequim-smoking de Oswald de Andrade. Nele se lê: “o mundo marcha para a esquerda”.

Existe

um desenho-escrito de Tarsila intitulado 'Estudo para a Negra'. Nele, a imagem-escrita desfeita em traços, qual lembrança de gestos da escrita, desabrocha furiosamente as potências do sonho.

Existe

um princípio amoroso de Roger de Piles intitulado “movimento de paixões, revolver do coração”. Nele, o destaque do visível e o papel da expressão emotiva; a ênfase no visível, na pintura. Em subtração: a poesia.

Existe

uma prosa alumbrada de Murilo Mendes intitulada 'Tarsila'. Nela, o poeta de mítica infância mineira indaga: “Quem é aquela princesa?” Resposta: “É a princesa Tarsila de São Paulo Oropa França e Antropofagia”.

Existe

um estudo estético de Lessing intitulado 'Laocoonte ou sobre as fronteiras da Pintura e da Poesia'. Nele, a primazia retorna à poesia porque as palavras excedem na ilusão da evidentia. “O poeta pode elevar esse grau de ilusão também a representação de outros objetos que não os visíveis”. Com efeitos, a pintura é arte do espaço; a poesia é arte do tempo.

Existe

um ensaio esclarecedor do pintor Paul Klee intitulado 'Sobre a arte moderna'. Nele, o artista-árbitro enfatiza: “O movimento é a base de todo devir. No 'Laocoonte' de Lessing, no qual em algum momento desperdiçamos nossos esforços de pensamento juvenil, uma grande importância é atribuída à diferença entre a arte temporal e a arte espacial. Mas, examinando o assunto com mais cuidado, isso não passa de uma divagação erudita. Pois o espaço também é um conceito temporal”.

Existe

um lugar escarpado, um lugar perfurado, ocultado e permeado de brancos intitulado Ursa Maior. Nele nos recolocamos, nos relacionamos, nos correspondemos sobre a superfície das palavras mergulhadas em temporalidade. Entre o passado e o futuro: o reencontro com a princesa caipira. Ramerrão... verde cantante, amarelo vivo, azul puríssimo, rosa violáceo. Ler é arte do reencontro:

“Sou profundamente brasileira, e vou estudar o gosto e a arte de nossos caipiras”. Lugar escarpado, labirintoso...Tarsila nome brasil. 'Estrada de Ferro Central do Brasil'. O silêncio do desvio ferroviário do trem de Tróia:

“Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois, que eram feias e caipiras (...) Mas depois, vinguei-me da opressão, passando-as para minhas telas”.

Tarsila relâmpago. Tarsila polifônica. Passagens textuais, caminhos transversais, ramais, correspondências. Tarsila parabólica. Tarsila radar:

“Por que ignorar o que se passa no terreno artístico quando os telegramas diários nos põem em contato com as nações distantes (...). Estamos numa grande época...”

Tarsila mulher-terra, Rosa-violáceo, Flor absurda plantada na terra

A B A P O R U

Roma Negra

Existe

uma invocação pagã na nova linguagem da fazenda verde-amarelo-pau-brasil, da Latinomérica, d’ AfricAmérica, d’ América-Brasil: 'A Cuca'; 'Cena na Fazenda'; 'Bandeira do Divino'; 'Sagrado Coração de Jesus'; 'O Mamoeiro'; 'Urutu' ... no oco da maloca: "Tupi or not tupi"...

Existe

uma canção miscigenada...

tum

tum-tum

tum

tum-tum

tum

tum-tum...

Marcus nor-destinados pedem passagem

O moço de Recife

[Tece, tece, tece, tece,

Bem tecida essa canção

Um a um, fio por fio,

Como faz o tecelão (...)

Urde as formas das estampas

Firma as cores do padrão (...)

No tear do coração...]

Ramerrão...

Drummond, poeta irmão,

A moça de Capivari

Traça, traça, traça, traça,

Bem traçada a arte essa deformação

Talisca, taliscando,

Um a um, traço por traço,

Como faz o artesão.

Tarsila-talismã

[Acordando para o pesadelo

Das assombrações pré-colombianas]

Ramerrão...

Verde cantante

Amarelo vivo

Azul puríssimo

Rosa violáceo

Exuberância das cores,

Vagando e drummondiando entre

[as grutas, os alçapões, as perambeiras

da consciência rural,

expondo ao sol

a alegria colorida da libertação]

Tarsila

Toda pulsação do traço

No cruzamento de um mesmo tecido rosa violáceo

Justapondo

Desenho pintura escrita

Tecendo

De modo unificado e simultâneo

O traço

Trançando

O signo verbal e a representação visual

Por laços

Por des-semelhanças

Por correspondências

Abolindo hierarquias

Ramerrão...

Verde cantante

Amarelo vivo

Azul puríssimo

Rosa violáceo...

Tupi-Guarani

Caipirinha Vestida de Capivari

[A mais elegante das caipirinhas

a mais sensível das parisienses]

'Santa Irapitinga do Segredo',

De Hermes, mensageiro dos deuses, angelos.

A E I U O

Signos cromáticos

Mediação digital

Escrever, ver, criar imagens

Flor policromática

Novas linguagens

Horizontes semânticos

Cibernética

'Manacá'

Virtual

Inquietações

Devir universal

Desorientações

Iluminações

[Tarsila

princesa do café na alta de ilusões]

Constelações

De cores

De-corações

Floração

De cor

De-coração

Ramerrão...

“Existe

um quadro de Klee intitulado Angelus Novus. Nele está representado um anjo, que parece estar na iminência de afastar-se de algo em que crava o seu olhar. Seus olhos estão arregalados, sua boca está aberta e suas asas estão estendidas. O anjo da história deve parecer assim. Ele tem o seu rosto voltado para o passado. Onde diante de nós aparece uma cadeia de acontecimentos, ele enxerga uma única catástrofe, que sem cessar amontoa escombros e os arremessa a seus pés. Ele bem gostaria de demorar-se, acordar os mortos e juntar os destroços. Mas do paraíso sopra uma tempestade que se emaranha em suas asas e é tão forte que o anjo não mais pode fechá-las. Esta tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual volta as costas, enquanto o amontoado de escombros diante dele cresce até o céu. O que chamamos de progresso é essa tempestade.”

(IN Walter Benjamin. Teses sobre o conceito de história. Tradução Jeanne Marie Gagnebin e Marcos Lutz Müller).

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2 - APRESENTAÇÃO

“Uma nova tecnologia, no caso a escrita, abriu novas perspectivas para a educação, tornando viáveis novos modelos de ensino e aprendizagem e, conseqüentemente, novas filosofias da educação. Algumas das perspectivas abertas vão ser acentuadas na fase seguinte, em que dominou a palavra impressa. Outras vão ser abandonadas, para serem retomadas apenas na quarta fase, a da palavra digital.”

(Eduardo Chaves, professor de tecnologia na educação da Unicamp e membro da Associação Brasileira de Educação à Distância. Acompanha a Filosofia da Educação a Evolução da Tecnologia? In http://chaves.com.br)

O “I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI” intentará promover uma reflexão sobre a carreira aventurosa da palavra — instauradora da linguagem — organizada a partir da inventividade humana, que responde, dependendo do registro histórico, pelo alcance das condições materiais de existência das civilizações mediante as quais os indivíduos formados culturalmente recepcionam a educação pela palavra oral, manuscrita, impressa ou digital.

Procurando capitalizar os inventos que reconfiguram e enriquecem a elaboração da palavra escrita através dos tempos, o “I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI” procurará buscar uma compreensão mais precisa das mudanças provocadas pelos inventos produtores e impulsionadores de desdobramentos sucessivos na recriação da escrita como tecnologia da informação e da comunicação.

Os processos de fixação da escrita se transformam no tempo. Segundo a premissa de Eric Havelock em "A Revolução da Escrita na Grécia e suas Conseqüências Culturais", a invenção do alfabeto, comparada com todos os tentames anteriores à escrita, é caracterizada como uma ruptura, como uma mudança qualitativa na direção da facilitação e da socialização na cultura letrada. A questão, para Havelock, é que todo avanço tecnológico determina uma mudança no campo das mentalidades. Nesse sentido, com o advento da escrita alfabética, a forma passa a influenciar o conteúdo; tema atualíssimo quando se discute, por exemplo, as conseqüências da Internet ou da profusão de imagens e de palavras digitalizadas nas telas dos computadores.

Com a invenção da escrita, logo se descobriu que ela permitiria ampliar as possibilidades de registro, a estocagem de informações e a transmissão da cultura. Como Walter Ong observou tão bem em "Oralidade e Cultura Escrita", a cultura escrita é imprescindível ao desenvolvimento não apenas da ciência, mas também da história, da filosofia; ao entendimento analítico da literatura e de qualquer arte e, sobretudo, à explicação da própria linguagem (incluindo a fala). O movimento cultural renascentista europeu, por exemplo, baseado numa ampla difusão do conhecimento humanista, captura, na essência, as palavras de Ong. Não tardou, entretanto, a tomada de consciência do valor da escrita, conjugando saber e poder. Desde a invenção da escrita pelos egípcios, era possível produzir material de leitura, porém, quando Gutemberg inventou a imprensa, embora já existisse uma “indústria de informação” na Europa, a nova tecnologia de ponta tornou o século XVI não apenas a Era da palavra escrita, como também o século dos livros, que passaram a ser produzidos a um baixo preço. Nesse caso, mais pessoas se alfabetizavam, aprendiam a ler. Por outro lado, a população européia apoderou-se da invenção para divulgar, por meio de panfletos, ironias aos poderosos. Assim, a censura veio precocemente, coibindo a manifestação impressa dos interesses populares. Mas nem só de elogios vive a imprensa, pois, contrapondo os fatos no tempo histórico, o fenômeno da evolução da imprensa rumo à comunicação de massa, que já se observa em finais do século XIX, recebeu críticas veementes dos pensadores agrupados em torno da Escola de Frankfurt, os quais constataram na formação cultural do século XX — secundada pela dominação técnica progressiva — o distanciamento progressivo da tradição ocidental efetivado pela pauperização dos bens culturais propagada pela cultura da semiformação socializada ("Teoria da Semicultura", Theodor Adorno).

Falar do desenvolvimento da cultura letrada é quase o equivalente a falar do papel da cultura na existência humana. O tratamento desse tema aproxima-se das fronteiras existentes entre as sociedades sustentadas pelo discurso oral – sociedade cuja herança cultural é resgatada mediante os usos da memória - e pelo discurso escrito; ou ainda: aponta para os contrastes e relações entre oralidade e cultura escrita. Nesse sentido, o presente evento, enfocando a invenção da escrita como um dos elementos caracterizadores da emergência de uma civilização, recolocará em discussão o contexto em que se situa a cultura (ou a “grande biblioteca” que nos precede), procurando privilegiar o espaço do leitor ao longo da história cultural, tendo por horizonte a sua emancipação por meio da vocação alfabetizadora da palavra escrita depositada nos livros. Desde uma cultura desprovida de conhecimentos da escrita ou impressão até o difícil processo de ler a palavra manuscrita mediante o desenrolar de rolos de papiro ou pergaminho, passando pelo fácil manuseio de um texto manuscrito graças ao sistema códex inventado pelos cristãos no século IV, coube à combinação papel-imprensa, promotora da cultura livresca, revolucionar a geração e a difusão da cultura e, por extensão, marcar, com progressivos aprimoramentos técnicos nos atos de leitura, a aventura de ser leitor na história da leitura do mundo ocidental (Roger Chartier), conferindo, desse modo, novas possibilidades de representação, interação e ação com base na palavra escrita livresca. Afinal, em que condições poderiam ter acontecido o movimento de idéias, conhecido como Enciclopedismo, ou a Revolução Francesa no século XVIII, senão num sistema livresco de referência nos quais autores, editores e tipógrafos balizaram, redefinindo, dessa maneira, a fronteira entre a invenção e a escrita e, por conseqüência, os novos modos de trabalhar.

Nesse sentido, a história da humanidade e suas máquinas têm sido construídas juntas. Com efeito, parafraseando o papa da aldeia global Marsahll McLuhan, quando a tecnologia estende ou prolonga um de nossos sentidos, a cultura sofre uma transposição tão rápida quanto a rapidez for o processo de interiorização da nova tecnologia, o que resulta na ampliação da percepção humana. Assim, com tais avanços tecnológicos, pode-se plasmar o conhecimento humano sobre inovadores suportes técnicos e, a partir daí, liberá-lo para a sua reprodução indefinida em prol do processo civilizatório. De outra parte, a palavra impressa transformou profundamente o modo de transmissão dos textos, contribuindo para garantir a fidelidade e a qualidade na reprodução dos mesmos; contribuiu, também, para o desenvolvimento da lógica, da interpretação de texto e da racionalidade, visto que um certo tipo de pensamento racional ou crítico só pode se desenvolver ao se relacionar com uma ampla difusão da escrita.

Hoje, o desenvolvimento da Internet e a digitalização da informação promovem uma revolução em matéria de comunicação. O quadro cultural contemporâneo, dentro da equação de representações transmitidas ora pelo papel ora pelo conjunto das palavras e imagens digitalizadas (imagens de síntese) que gravita nas telas dos computadores, fazendo emergir inéditas geografias semânticas — como exemplo: o hipertexto —, se defronta com problemas de toda ordem no que se refere às mutações de identidades promovidas pela passagem do atual ao virtual ou aos processos de digitalização (Pierre Lévy). Contudo, os problemas com que se defronta a nova cartografia da cultura contemporânea não implicam na eliminação da cultura afetada pela oralidade, pelo uso da escrita, do papel ou da avalanche de informações virtualizadas procedente da cultura do ciberespaço, eliminação que, ademais, seria completamente inviável em ambos os casos; aliás, há estudiosos, na linha do pensamento de Roger Chartier, que apontam para a convivência pacífica entre o manuscrito, o impresso e o eletrônico na aurora do século XXI. Finalmente, se a invenção de novas velocidades é o primeiro grau de virtualização, ou melhor, um dos principais vetores da criação da realidade contemporânea, consoante Pierre Lévy, então os problemas da cultura contemporânea certamente têm de ser enfrentados por intermédio desses mesmos meios de comunicação.

3 - OBJETIVO GERAL

Fornecer subsídios teóricos a professores dos ensinos fundamental e médio; a docentes e discentes do ensino superior e a profissionais ligados à área da educação, procurando estimular rigorosas reflexões, secundadas por debates, sobre a relação que se estabelece entre linguagem e educação.

4 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

O “I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI” visa:

. Refletir sobre o processo de alfabetização no Brasil — país que apresenta um dos maiores índices de analfabetismo no mundo atual —, procurando entender as razões da ausência de políticas governamentais que assegurem a emancipação cultural do cidadão por meio da alfabetização, isto é, da leitura e da escrita.

. Promover a interdisciplinaridade, procurando abalar as fronteiras entre as disciplinas de ensino, tendo em vista a dificuldade de leitura da complexidade do mundo atual numa única forma de linguagem.

. Pensar o contemporâneo mediante estudos e reflexões sobre a linguagem, tanto do universo da oralidade quanto dos paradigmas de formação letrada, procurando acentuar as reflexões em torno do oral e da escrita como meios de transmissão cultural.

. Problematizar o fenômeno educacional pautado na revolução da palavra digitalizada, procurando estabelecer pontos mediante os quais devemos organizar a formulação de políticas educacionais contra o analfabetismo digital.

. Ilustrar, de acordo com o tempo histórico a ser analisado, estudado, as relevantes invenções tecnológicas ligadas à questão da experiência humana com a palavra.

. Enfatizar que a invenção da escrita pode ser a culminância de inumeráveis atos de leitura e, a partir daí, inferir novas possibilidades de rememoração ou representação do passado.

. Colocar em discussão o espaço do leitor na história cultural do mundo ocidental, tomando-o como ponto de partida para se resgatar elementos marcantes da história da leitura.

. Explicitar a dependência entre a qualidade de ensino, que requer a formação de uma base sólida, e a pesquisa, no universo escolar. Destacar que o capital relevante nos dias de hoje é o conhecimento e que, com base nisso, as produções do conhecimento e da pesquisa são peças indispensáveis em qualquer agenda ou plano de ação favorável à área da educação.

. Apresentar a escrita como possibilidade de rememorar aquilo que se disse, procurando, a partir daí, estimular a formação de bibliotecas convencionais ou virtuais voltadas a todos os níveis de ensino.

. Discutir o grau de velocidade da informatização da sociedade contemporânea e a alfabetização pela informática, bem como estimular o uso do computador como ferramenta enriquecedora do ato da leitura e da produção de textos.

. Compreender melhor as mudanças experimentadas pela educação em todos os níveis da contemporaneidade. Por conseguinte, rediscutir o papel do professor na qualidade de mediador quanto à construção do conhecimento efetuada pelo aluno, e de colaborador quanto ao encaminhamento das discussões críticas oriundas da rede de informações disponibilizadas pela revolução fundada na tecnologia digital (multimídia).

. Transpor os limites do mito do progresso em nossa civilização tecnológica. As novas tecnologias compõem as cenas cotidianas da vida contemporânea, chegando a ocupar todas as esferas das nossas existências. A tradição filosófica tem questionado a inevitabilidade da transformação da ciência em técnica e, nesse caso, a questão central é o componente irracional do poder tecno-científico quando dirigido por uma economia mundial entregue à própria sorte.

Isso significa que a abordagem de experiências formativas, interrelacionada com questões da ordem da oralidade, da cultura escrita e das novas tecnologias, alcançará no I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI diversas áreas do conhecimento, perspectivando-se a priori, por exemplo, os seguintes campos temáticos:

. Educação, Civilização e Diversidade Cultural

. Educação e Oralidade

. Educação e Memória

. Educação e Escrita

. Educação, Cultura Letrada e Leitura

. Educação, Empreendimentos Intelectuais e Registros Enciclopédicos

. Educação e Linguagem

. Educação e Filosofia da Educação

. Educação e Processo de Alfabetização

. Educação, Instrução e Ensino

. Educação e Invenção da Imprensa

. Educação e Políticas Educacionais

. Educação, Ideologias e Meios de Comunicação de Massa

. Educação na Sociedade da Informação

. Educação, Linguística e Filosofia da Linguagem.

5 - JUSTIFICATIVA

A modernidade, tal como se apresenta, tem sido marcada por uma imensa e variada mutação de formas de comunicação. É neste abrangente espaço que se fundem todas as instâncias do mundo social e também desponta a multiplicidade de experiências e perspectivas do real a que os indivíduos acedem.

De outra parte, se é impossível reconstruir toda uma odisséia humana a partir da invenção da escrita, na atual relação de condicionamentos circulares entre a palavra oral, a palavra impressa, a palavra digitalizada e a conduta humana, há crescentes motivos para se presumir que as exigências individuais e coletivas de vida forçarão mudanças de comportamento que, por sua vez, reorientará o mundo contemporâneo fundado tanto na tradição da escrita impressa no papel quanto na recente inovação da escrita digitalizada projetada nas telas dos computadores. Levando em conta o conjunto de experiências e transformações culturais que se assiste, e procurando tensionar um debate vivo de discussões intensas em torno de uma economia global cada vez mais tecnológica, na qual a Internet e outras tecnologias de comunicação disseminam avalanches de informações a todo planeta, é que se retoma, num espaço transdisciplinar de estudos e reflexões, a questão da formação educacional em tempos de comunicação midiática e da realidade fundada nos avanços da tecnologia. Nesse sentido, a análise reflexiva do “I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI” procurará enfatizar a própria realidade da nossa experiência cultural, dirigindo interrogações precisas ao mundo contemporâneo, como por exemplo: qual o intervalo de tempo que pode ser estabelecido como definidor do contemporâneo? Que novas formas de construção de saberes se anunciam com base na cibercultura? O que é ser leitor e escritor em tempos de novas tecnologias? A sociedade brasileira está preparada para receber e participar das novas tecnologias? A escola como grande mediadora dos conhecimentos poderá contribuir de que forma no desenvolvimento das tecnologias intelectuais? Qual a conveniência da escrita em tempos de novas tecnologias? Se o grande problema econômico do nosso tempo reside em transformar o conhecimento em conhecimento codificado, convertendo-o em mensagem que possa ser manipulada qual informação, como redefinir, então, a operação que consiste em plasmar o conhecimento sobre um suporte técnico digital? Considerando que leitura e escrita são processos complementares, e que a leitura não é uma atitude passiva, pois não se reduz a uma simples decodificação de sinais gráficos, como então estimular uma atividade de reconstrução de sentidos por meio da leitura? Se escrever é um ato de partilha da palavra, afinal, para quem e para quê escrevemos na escola? Como promover a inclusão digital e equiparação de oportunidades para a população brasileira? Como discutir e negociar o grau de velocidade da informatização da sociedade, a reciclagem do trabalhador profissional da educação e a alfabetização em informática, tarefas chaves que se desenham no futuro do nosso país? Com base em tais perguntas, o “I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO CENECISTA DE CAPIVARI” pretende fornecer — como já mencionado em “objetivos específicos” — subsídios teóricos para o tratamento de tais questões.

*Projeto elaborado pelo PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS

Docente da Faculdade Cenecista de Capivari — FACECAP

CAPIVARI

Verão de 2002

6 – METAS

a) Divulgação do evento “I Encontro de Educação Cenecista de Capivari”. Período: 18 de março (segunda-feira) a 05 de abril (sexta-feira) de 2002;

b) Atingir um total de 260 inscrições até 05 de abril de 2002.

7 – BENEFICIÁRIOS

a) Docentes e Discentes da FACECAP/CNEC-Capivari;

b) Docentes da CNEC de Capivari;

c) Profissionais da área da Educação (diretores, coordenadores, professores e demais interessados);

d) Representantes dos meios de comunicação locais e regionais;

e) Empresários da área de Educação e Cultura, locais e regionais, e demais interessados.

8- LOCALIZAÇÃO E ABRANGÊNCIA

a) Cidade de Capivari/SP e região.

9 – ATIVIDADES / CRONOGRAMA

Data: 10/04/2002 (QUARTA-FEIRA)

18h30min

a) Recepção do público, com distribuição do material do evento (pastas, folders, canetas e blocos de anotações).

19h00 – Abertura

b) Composição da mesa seguida de apresentação dos integrantes da comissão organizadora do evento e de autoridades locais.

19h15min

c) Leitura do Prólogo Papiro Cromático Hermenêutico pela Profa. Me. Adriana Emília Heitmann G. T. Fontes.

19h30min

d) Apresentação de um número musical – Profa. Me. Adriana Emília Heitmann. G. T. Fontes.

19h40min

e) Apresentação do palestrante Prof. Dr. Regis de Morais (FE- UNICAMP) pelo Mestre do Cerimonial, Prof. Me. Rodrigo Ortiz Salema - docente da FACECAP/CNEC-Capivari.

20h00

f) Palestra: O Discurso Humano como Totalidade Expressiva da Existência e a Educação.

g) Sessão de debates.

Data: 11/04/2002 (QUINTA-FEIRA)

19h30min

a) Apresentação da palestrante Profa. Dra. Ângela Kleiman (IEL-UNICAMP).

b) Palestra: Letramento e a formação do leitor.

c) Sessão de debates.

Data: 12/04/2002 (SEXTA-FEIRA)

19h30min às 20h00

a) Lançamento do livro (roteiro de pesquisa) DOSSIÊ: ORFEU DESPEDAÇADO, de autoria do Prof. Dr. Sílvio Medeiros - docente da FACECAP/CNEC Capivari.

20h00

b) Apresentação da palestrante Profa. Me. Sheila Elias Oliveira (titulada pelo IEL-UNICAMP).

c) Palestra: História do Dicionário: o contato do homem com a palavra.

d) Sessão de debates.

Data: 13/04/2002 (SÁBADO)

9h00

a) Apresentação do palestrante Prof. Dr. Eduardo O.C. Chaves (FE-UNICAMP).

b) Palestra de encerramento do evento: A Fala, a Escrita e A Imagem: O Desafio da Comunicação na Era do Digital.

c) Sessão de debates.

11h00

d) Horário previsto para a realização do cerimonial de encerramento do evento dirigido pelo Prof. Luís Donisete Campaci - Diretor da FACECAP/CNEC-Capivari.

10 – ADMINISTRAÇÃO DO EVENTO

Comissão Geral (docentes e discente da FACECAP/CNEC-Capivari): Profa. Me. Ana Maria Reginato (Coordenadora Geral); Prof. Dr. Sílvio Medeiros (Presidente Científico); Prof. Me.Rodrigo Ortiz Salema (Mestre do Cerimonial).

11 – FEIRA DO LIVRO

Data: 10 a 13 de Abril/2002.

Projeto-parceria envolvendo a FACECAP/CNEC-Capivari e Escola Premium Cenecista de Educação Básica/CNEC-Capivari.

Promoção da “Feira do Livro”: EDITORA E LIVRARIA PONTES/CAMPINAS.

Local: dependências da CNEC-Capivari (pátio).

CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE (CNEC)

Faculdade Cenecista de Capivari

Escola Cenecista Profissionalizante

Escola Premium Cenecista de Educação Básica

Rua Barão do Rio Branco, 374 – Telefone: (19) 3491-1087 – Cep: 13360-000

E-mail: cnec@cneccapivari.br Home Page: www.cneccapivari.br

Capivari – SP

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NOTA DO AUTOR DO PRESENTE TEXTO:

_ Em Julho de 2003, deixei, devido a outros compromissos, de exercer minhas atividades profissionais na CNEC-Capivari. Restam-me lembranças, lembranças, lembranças... muita saudade!

PROF.DR.SÍLVIO MEDEIROS

primavera de 2005