Ímpetos

Por isso falo sozinha, falo com as paredes, canto o sábado, o domingo, a segunda. Canto a companhia, a solidão, canto a mudez.

Falo da cegueira, falo da viseira, falo para calar.

Ouço os ruídos, vejo os êmbolos desenhados nas cortinas, e abro as gavetas (fotos sem datas, sem marcas de beijos). E sorrio para ironia. Grande mordaça ocultando os sussurros e os risos desenhados nas folhas de setembro.

Lanço cartas sob a mesa. Reis, rainhas e sapos.

Tudo fica estático.

Tudo verde, tudo parco.

A vida? Lindo laço como abraço num efeito fantasia.