Falo a mando do meu daemon
Penso que tudo isto é uma grande redutora, que mais sei eu do que serei? Não há escrita em linguagem, ditas singulares, mas os predicados de tal relação, um sujeito do qual se fez em escrita, faz-se ou fizeram, nada sei a mais do que o pretérito perfeito, presente contínuo, ou no futuro tão distante, ou nos ínfimos instantes destas caligrafias abstratas, nada sei, pois fazem-me através da tela de um computador. Penso que os escritores que vieram antes de nada tão valiosos são, para além das memórias que nos ensina tanta coisa, o que nos resta neles? A busca pelas letras, nada temos... Sou vislumbres de animais encharcados com o sangue da sua presa que logo se ver alimentado, questionam-se em florestas, sobem em árvores e logo tornam-se presas; Nada me faz, nada me constitui, a única permanência é não ter, não tenho-me e nada me tem; Deveria dizer, nada me tem por isso não sou, ser algo é muito não ser, objetos que não me definem, sou aquele... Sou isso! A ação nos despista do factual, que é a indefinição, a implausibilidade de um eu, por si, per se; Somos a partir do que não somos, definimo-nos por desejo, torno-me sujeito passivo pela relação com aquele objeto, logo, nada sou além de uma gota que corre rente ao rio, esta ânsia nunca me foi tão relevante, antes menos do que hoje; Penso em místicas, e sistemas e nada tenho além de mim, multiforme não disforme, sem aroma e sem cor, sabores multáveis e de constante apenas a transitoriedade, nada tenho e nada sou, tudo tenho em ideias e semânticas, minha potência é estar; Permaneço e não sei ao certo se poderia dizer, permaneço-me, possuo-me em tudo como uma vigilância interna que de tão interna, fora; Em demasias que poderia ser sempre, por falta de coragem não o é, sento-me na cadeira agora em consciência, sensitivo a tudo que me rodeia em elipses, hiperboloide, ou qualquer outra geometria em coordenadas que o meu ser possa descrever, sou aquilo que devo ser, se devo já sou, faço em um continuum contíguo com a potência que jaz, uma bicondicionalidade que aponta algo a mais, mas que sem dúvida é, algo a mais... Não quero possuir nada a mais do que aquilo que me possibilite a escrita, quero ser os versos em prosas que me possibilitam ir até o inefável, para isso tenho que ser; A razão é uma grande redutora, do ir faz pensar, corrigir, tirar, acrescentar, como as analíticas e os versos de homens pobres; Não entendo o discurso do ter pelo ter, um argumento circular deste que convence tanta gente, faz com que não me espante tantos acharem que isto é redundância; Sou apenas um agente de um dever, que nem posso dizer que o sou; Não há inferência tão precisa que as variáveis estranhas não nos mostre em um futuro não tão distante seu acúmulo, uma abdução da linearidade; Sou apenas um fazendo que não é um sou, apenas um ir que me impulsiona tão intensamente como um algo fora de mim, ou um desejo que ao menos fosse uma missão dada, deste dado jogo-me a beirada de um saber que não sei, nestes versos sou...