Inefável

Talvez eu tenha me acostumado

Acalentar no meu peito a dor,

Talvez eu tenha a ilusão de que a tristeza é minha fiel amiga, aquela na qual aprendi, dia a dia lidar, nas minhas noites de solidão, aceitando-a como única opção, ocupando meus vazios, do tamanho do mundo,

Talvez eu seja mesmo esse abismo, que afugenta, espanta, afasta...

Talvez, o profundo dos meus olhos, sejam assombro para esse mundo raso, que não se permite arriscar.

Talvez o amor imenso que tenho guardado, pronto pra ofertar, seja uma espécie de veneno que pode até matar.

Talvez meus braços pequenos, seja em utopias garras, que predem, escraviza, amarra...e em todos os momentos me pego abraçando o vento, o vazio, para meu tormento.

Quem sabe não tenha sido feita para essa coisa chamada amor, talvez eu não aceite a felicidade, por ser algo tão raro e temido por mim.

Talvez a felicidade seja um caminho desconhecido, grandioso demais para que minha alma triste, queira arriscar a perseguir...

Acalentar a tristeza minha real e conhecida companheira é tão mais fácil, de inefável beleza, é leve de se conduzir, aqui nessa minha vida corriqueira, pelo menos ela, a tristeza não me derruba com surpresas, pois essa tal felicidade sempre me engana, chega de mansinho, e logo me abandona, me tirando o chão com suas doces ilusões, enfurecendo a tristeza que volta como inimiga a me consumir.