A teia da ilusão

Tece a ilusão sua longa teia transparente.
Como se fora uma gigante aranha mágica...
No seu tear de proporções imensuráveis
ela costura tantas sortes indiferente...

De ponta a ponta vai ligando os fios rotos.
Vezes cruzando e descruzando os pontos soltos,
juntando as bordas duma ponte meio trágica...

Quando ela acaba de tecer a eficiente armadilha
escolhe o recanto mais sombrio e se esconde
para contemplar o quanto a própria obra brilha...

Bem paciente, espreita e espera a sua presa...
Que tarda a se ofuscar sob a luz da enganação.
Demora um pouco até livrar-se da surpresa
E então debate-se pra escapar da perdição...

Mas é inútil toda a força dispensada na empreitada...
A teia é forte e a resina é resistente.
E a tola vítima de ser livre ainda crente
quando se agita fica ainda mais emaranhada,
pois a substância que a torna reluzente,
é a mesma que a deixa fraca e imobilizada.

Já sem estímulos ante o veneno asfixiante,
nada mais teme, elabora, quer ou pensa...
A morte rápida é a melhor recompensa,
mas seu destino ainda é mais angustiante...

Cruza a  tarântula monstruosa a sua ponte...
Mira a fronte do tal vivente miserável...
Cutuca a carne, onde o espírito se consome
já sequiosa para aplacar a própria fome...

E à pobre presa, num estado deplorável,
só resta assisti-la devorá-la inexorável...

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 24/09/2021
Reeditado em 13/04/2024
Código do texto: T7349789
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