Desfolhando
O dia acordou preguiçoso, o sol tímido dava, aos poucos, o ar de sua graça. Resolvi, deste modo, mudar o horário da caminhada cotidiana. Assim, depois de caminhar alguns passos, percebo a chegada repentina do vento sul, desfolhando as árvores que, neste período, preparam-se para se vestirem de flores, e deixarem as avenidas ornamentadas com um lindo colorido.
Ao mesmo tempo em que o vento soprava, e as flores caiam, o asfalto e as calçadas ganhavam belos e perfumados tapetes, convidando quem por ali passava a contemplarem tal exuberância.
Aquela coreografia, no espaço de flores e folhas, criava um bonito cenário no meu imaginário. Podia ver bailarinas em um amplo palco dançando ao som dos mais belos acordes orquestrados pelos assobios e rodopios do vento.
A beleza daquele espetáculo da natureza modificava, sobremaneira, a paisagem urbana. Havia cores, cheiros e um sentido real de mudanças, tal qual acontece com as estações do ano, cada uma com a sua beleza, singularidade e significado.
Ah, naquele momento o vento desfolhava, também, o meu pensar e emprestava um novo colorido ao meu olhar.
E, nas ondas do vento, eu segui por uma nova rota com leveza d’alma e com novos pensares aflorando em poesias.
Iêda Chaves Freitas
18.09.2021