Palavras mastigadas
Tudo era dito em silêncio
um silêncio que arranhava
incomodava, corroía
lágrimas haviam secado por fora
transbordavam em demasia por dentro
no seu inquieto silêncio.
Mordia cada pedaço de palavra
contida, rasgada no peito,
desenhada em folhas amareladas do tempo, alguns bocados de tantos pensamentos, brotados na brevidade de um olhar.
Assim, tudo era dito e nada poderia dizer.
Acordava vontades adormecidas,
sacudia o coração entorpecido, a tempos contorcido.
e cada palavra ébria que não dizia era uma onda, que engrandecia,
instivamente, e lançada de encontro à penhascos insolentes.
Nada diria...mas se algo pudesse dizer...
cada palavra surgiria, dançando na música melodiosa e triste da alma fria,
num canto copioso posto por seu mensageiro, espalhando palavras mastigadas que morriam à míngua em seu peito.