Prosa de poética
 
O poeta sonha com a perfeição dos ventos, do colo da amada, do rodopio dos devaneios surgido na ilusão das melodias, fantasiadas ao sol imaginário da quimera, sorridente no final da tarde.
O bardo faz seresta nas praças enjauladas de moças desvirginadas na neblina; toca solitariamente no deserto de seu próprio coração, elabora ternamente as feições de uma insana ternura escrita em monologo.
O trovador perde-se no tempo do desterro azulado do mar que o vento faz balançar, como as ondas que o barco desenhado na folha de papel tece em altos e baixos momentos de prazer, de evolução sentimental, de uma bonita passagem do tempo compromissado na perfeição submissa do encanto misterioso da paixão.
O menestrel faz festa retraído no clássico entristecer do dia que se põe, no horizonte fermentado pela secura do dia que faz doer na alma, o isolamento do brilho lembrado na solitude esquecida no eremitério, do íntimo estimado na ternura de um amor declarado, sem palavra, no silêncio da simpatia estremecida no âmago centralizado, no núcleo da canção recitada em dó, ré, mi.
O lírico compõe em marcas cicatrizadas, as fantasias que a imaginação silenciou na utopia, deserta no riso que foi embora sem ao menos idealizar o arranjo final da estrela, que o agrupamento do lugar escolhido deixou-se ofuscar; desatende de compor em parceria com o seu interior o tema final, passado no antepassado de sua geração.
Assim são os mistérios literários, jamais sondados, mentiras condenadas, defeitos que o tempo não curou, canções deixadas de lados, amores esquecidos e doloridos; inspiradas em odes e estro, sorridentes, com entusiasmo empolgantes como os boêmios e as boemias amanhecida nas calçadas onde os poetas em sintonia, não se esquecem do nascimento de mais um dia criado no azo oportuno da paixoneta.