Finitos
Existe uma sentença oculta
Uma condenação injusta
Sob o véu entre morte e vida
Que devora nossa carne já carcomida.
De fato desde a luz do nascimento
Seguimos inocentes morrendo
Desse feito, fatiídico ciclo, nos afortuna
esvaindo-se pelas mãos, em desventuras.
Existe uma dor que perdura pungente
Depois dos laços desfeitos, a partida
Depois do luto eminente, de repente
Sobram-nos restos, pedaços, feridas.
Quão efêmeros são os risos auspiciosos
Ante à face da despedida ditosa
Nesse badalar de sombras que tange
No cume da irrefreável ida sem volta.
Mutilados, vagamos à procura de consolo
Pelo desenlace brutal que separa vidas
Paira sobre sobre quem fica o desgosto
Quando o tempo fecha as cortinas.
Perecem planos, os olhos escurecem
Perecem vínculos no lugar do silêncio
Restam-nos fragmentos que ferem
Dos tantos e fugazes momentos.
Tudo perece, o tempo é findo
Dessas ausências somos reféns
As pegadas se apagam no caminho
Tornam-se saudades no coração de alguém.