Sutilidade

Toda sutilidade é desmascarada em seu poder ...

... vai chegando mansa, silenciosa, visível e nua

sim, sem vestes alguma, sem máscaras,

mas, sutil

acomoda-se suave, embrenha-se nos vãos, colhe das poucas luminosidades nas portas trancadas, abraça os gemidos das fechaduras, recolhe das lágrimas sua fluidez e descaminhos ...

deixa lavar, escorrer

nos cômodos vazios, deixa-se no centro,

permear por tudo que lhe parece ser e então, fala ...

na verdade, sussurra ...

... palavras conhecidas, sorrindo e abrindo clareiras,

mostra que as mesmas sempre estiveram lá ...

sem perder instantes, saboreia-se com as nuvens,

aquilo que as fazem ser e as transforma,

muda mesmo e traz a céu aberto, toda a cor ...

... nem sempre claras, mas reais, então,

cala-se e escancara todo o debater-se das alvoradas

que sem horizontes, se vê ... e é ao infinito,

essa ilimitada e acolhida força sem força aparente,

real, nuclear ...

e por isso, contemplo, sem saber ...

... deixo ser em mim!

... Kátia de Souza ...