SOPRO!
O tempo
entre o sopro
e o apagar da vela (Paulo Leminski)
S O P R O !
Acende-se uma velinha pequenina bonitinha,
que aos contrário das velas, ela vai crescendo
tentando se aclimar às demais velinhas,
pequeninas e bonitinhas que também surgem.
E vai levando o tempo: uma queda ali, outra
acolá, uma vitória ali, outra lá... Então se torna
adulta, se transformando em vela, que se deixa
levar pelo vento incógnito, mas sempre mantendo
a chama acesa lutando contra os ventos fortes.
Era uma velinha que se tornou vela, e agora é
uma vela velha, velhinha de experiências úteis
e inúteis. (Sabedoria deveria ser pra jovens!)
Antes, a velinha cresceu, e apareceu demais!
Agora, a vela já velha, com chamas frágeis,
curva-se, definha, até que o inevitável sopro
do destino inexorável, apague-a para sempre.
10/05/1983 - DILSON\NATAL\RN\BRAZIL -
(Esta fui buscar lá fundo do baú das minhas
memórias, com 38 anos de composição.)