MEU TEMPO EM VELOCIDADE DE DOBRA

Temo tanto esses dias de um tempo louco.

Dias que teimam tanto, em tão rapidamente passar.

Que deles, nem tempo tenho para recordações.

São dias insensíveis.

São dias desalmados.

Dias que por companheiras tem noites de eternidade.

Não passam as noites.

Não ficam os dias.

Estes passam em átimos. Aquelas nos fustigam as lembranças.

E formam o todo tempo, como uma nave, em velocidade estonteante.

Contraindo tudo à frente em velocidade de dobra.

São uns como água, fluidos.

São as outras, torturantes, infindas.

Sou eu agora em lentidão mortificante ou expandido em meu passado?

Ou estou a contrair os pensamentos,

Em torno de mim mesmo?

Nem consigo mais me concentrar nos dias idos. Ou no futuro incerto,

sem norte.

Tempo, deus ingrato que devora pedras por crer se tratar da própria prole.

Tempo, deus que da fatídica mitologia escapa para a minha realidade mórbida.

Te aproveitas deste teu infame servo,

Acovardado pelo medo do certo fim.

Que por único temor tem, terminar seus dias sem um tempo de despedidas.