Doce ilusão
Devo estar alucinada
A sanidade
A razão
Já nem sei que nome dar
A essa falta de emoção.
O que sei, é que cairia bem
pra variar, uma boa dose de ilusão
Ando cansada dessa mornidão
Da falta de tempero;
Da falta de exageros;
a realidade às vezes torna-se um enfado
esse hábito rotineiro em ter os pés no chão.
Tem sido demasiadamente chato...
Ah como faz-me falta uma boa viagem numa fugaz e doce ilusão
A realidade dos dias, suas cargas de
responsabilidades, tem-me deixado exausta, moída.
Sinto a necessidade infindável de tirar das minhas costas o peso dos dias, um ardor de fugir pra algum lugar onde eu possa viver iludida...
Sem culpa, sem cobranças, sem medo de errar, pode extravasar.
Preciso embriagar-me da ilusão em sua forma mais vil, ficar entorpecida, fora de mim, pra não sentir tão à fundo essa realidade insossa, essa ausência de algo pra sentir.
Tenho suportado o ócio, tenho aguentado as grandes cargas da obrigatoriedade, de estar sempre firme, sempre alerta, sem perder a sanidade...
E sinto falta das fábulas contadas, das histórias descabidas, das palavras arrastadas.
Sinto falta do frenesí, do arrepio que aguça a mente, que alvoroça a imaginação...
Estou demasiadamente cansada desta morna realidade, quero sentir a fúria de uma doce ilusão.