A chuva e o louco

Caminho pela noite chuvosa

molhado e iluminado pela luz amarela de um poste velho

o calçamento parece tão lindo e triste.

É tarde da noite, e a chuva é muito forte

Ando pelo meio da rua despreocupado

Não há carros, não há ninguém, não há nada.

As casas me olham, com suas janelinhas melancólicas

pedem socorro, o quê posso fazer?

não sou capaz de salvar a mim mesmo

Ando mais um pouco sem destino

Quero apenas conversar com a chuva

ela me entende, temos alguma coisa em comum.

Mais adiante, há um homem sentado na calçada, totalmente encharcado.

Um bêbado, um louco, ele sorri pra mim com seus dentes estragados

A chuva não lhe incomoda, por quê incomodaria?

Já perdera tudo que um ser humano poderia perder.

Paro e fito diretamente nos seus olhos amarelos injetados de bile

Ele para de sorrir, e me encara de volta curioso

Tiro um nota do bolso e lhe entrego

Ele volta a sorrir com sua boca cheia de dentes podres

Garantira dois ou três dias de embriaguez

Recomeço a caminhada

o bêbado louco com a nota de dinheiro na mão acena

parece recobrar a sanidade subitamente e me diz:

Você é um homem bom, mas daqui a pouco a chuva passa e o dia amanhece

Não se preocupe, não há salvação, e ri seu sorriso pútrido escandalosamente

Mesmo já distante, ainda posso ouvir o sorriso sarcástico e estridente.

zzzZZZzzz
Enviado por zzzZZZzzz em 31/08/2021
Código do texto: T7332123
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