A MORTE
Quando jovem, pensava na velhice, na morte, temas que nunca me assustaram.
Observava meus avôs já velhos, meus pais envelhecendo e sempre achei o caminho natural a ser percorrido pelos seres vivos.
Agora que envelheci, continuo aceitando com a mesma naturalidade.
Não fui um homem bonito e, quando a degradação física começou, havia muito pouco para deteriorar.
Em nada me afetou o desaparecimento da "ilusão da juventude”. Não tenho medo de doenças ou da morte. É claro que eu quero aumentar o tempo de vida ao máximo para estar ao lado das pessoas que eu amo, mas a hora de todos, gostem ou não, está marcada e não adianta querer postergar.
Depois de uma vida intensa, onde vivi tristezas e belezas, só resta me preparar para o ato final que eu considero o grande espetáculo do acordar do sonho da vida, do despertar, da volta para casa.