Sem inspiração
É dessa forma descabida que vivo
que vou tecendo versos, para que eu possa sentir, e me preocupar menos
com querer entender tudo ao meu redor
Pois sentir de forma plena, faz toda minha inquietude valer à pena.
Por tantas vezes vislumbro nada, o marasmo dos dias, os ecos burlando tantos vazios, e outros momentos sinto-me sufocar em tantos entulhos acumulados pelo tempo.
Sufoca-me o grito que nem sempre ouvido, versos malditos, versos tortos
As vezes falta-me palavras, mergulho nas trevas da ausência de inspiração
Pois escrever pode trazer-me alívio, só escrevo o que sinto, eis a minha danação.
Eu poderia fingir, mascarar esse vazio que agora sinto, e inventar algum sentir
seria demais pra mim, andar pela superfície reticente, correndo o risco de sucumbir e não mais reagir.
A verdade é que tenho atravessado a aridez de min'alma, vejo a poesia como peças soltas, que não se encaixam
Tenho experimentado a inexistêcia da conexão que tenho com as palavras.
Eu apenas espero a luz da inspiração,
que toda minha essência agora muda
Liberte-se dessa escuridão,
do nada sentir, como fumaça, vejo a poesia se esvair, dos meus dedos escapulir.
Quem sabe outrossim, essa inquietude
Seja transmutada em versos, uma prosa que seja, soltando esse grito de sobrevivência mesmo em versos sem rimas... sem coerência
Que assim seja, melhor que esse nada que paira sobre minha cabeça.