Deus não cabe em um quadro

Deus não cabe em um quadro, muito menos em multiplicidade mística ou religiosa. Hoje sonhei com ele, não era lá como teurgias e artes eclesiásticas da renascença. Um monstro, digno de terror lovecraftiano, com voz gutural falando em semântica desconhecida; algo como Penderecki orquestrava majestosamente bem em seus concertos. Saiu de uma parede como um ectoplasma, ironicamente de uma igreja católica. Regurgitei sua existência em meio cristão, porém, ainda sim, é miúdo comparado a sua essência, por isso, Deus não cabe em caixinhas. O Criador, inefável monte cósmico, permanece fora e dentro do amor, no máximo isso, uma pane-existência que mais faz sentido, diferente de sua manifestação dada pelos humanos; o homem tentou entender, mas falhou e ainda persiste em falhar, porque O Verbo não pode se ofender com palavras mundanas, é cômico a blasfêmia ser um problema. A linguagem é uma simplificação complexificada que permite utilizar uma parte da interatividade cerebral, construir-reconstruir uma nova complexidade discursiva e assim dialogar com a estrutura do real. O Todo Poderoso seria a quintessência da mesquinhez se assim o fosse, mais stricto sensu do que uma norma jurídica. Ele é maior que a psicologização filosófica que faço agora, um mero humano compreendendo a hipertotalidade do Absoluto; a nossa forma de ajuizá-lo é uma lógica a priori advinda da razão limitada, não só pela lógica em si, mas pela delimitação histórica de determinada época. O Absoluto inexiste, apercebido, inconcebível, e isso não é um problema. Deus no máximo é anuente: nós o permitimos ser o que ele é.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 25/08/2021
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