A máquina de sonhos
A máquina de sonhos do Poeta está cansada...
Prestes a ser desativada.
Tantas peças se quebraram, outras tantas derreteram...
Muitas simplesmente enferrujaram...
Algumas delas já não são mais fabricadas.
Estão "fora de linha"...
Talvez até por isso esta máquina se sinta tão sozinha...
Viu as outras máquinas vizinhas sendo todas gradativamente substituídas por outras mais novas, mais modernas e mais eficientes.
Multifuncionais...
Todas diferentes... Especiais...
Talvez a máquina do Poeta devesse ficar contente.
E ele também!
Assim, ambos aproveitariam o ensejo para descansar.
Se reciclar...
E o Poeta para controlar o próprio desejo de produzir...
Mas se sentir inútil é muito triste.
E mesmo que o Poeta saiba que outro uso para uma máquina de sonhos ainda existe, não consegue pensar em vê-la tornar-se obsoleta.
Apesar de sempre saber que esse dia chegaria, pois ele chega para todos(as).
Em sua cabeça imaginativa a máquina onírica deveria ser diferente.
É o que ele sente... Quer e acredita.
Pensa que a durabilidade dela deveria ser eterna.
Que seu padrão de qualidade deveria ser garantido com o símbolo do infinito ou uma fórmula secreta.
Talvez pense assim porque sonhar é tão bonito...
E a sua máquina não precisa mesmo ser concreta...
Mas nem só de sonhos vive o Poeta...
Adriribeiro/@adri.poesias