Preteritum perfektum

tu, que deitastes no meu primeiro abraço

dele fizesse um amasso

e, com carinho, não te deixei mais ir

tu, que me fizeste amar como nunca amei

que me deste o prazer que jamais experimentei

incluíste minha harmonia em tuas sinfonias

e agora hás de partir…

tu, que com delírios tornaste minha vida deliriosa

vivendo entre a loucura e a sanidade tediosa

e agora hás de partir…

tu, que intensificastes meu brilho

contrastando teu corpo alvo

em minha pele ebúrnea

sufocastes com amor os meus pedidos

e agora hás de partir…

pedi que me deixaste

que me esqueceste

pedi que vivesse

por mim, por ti

pela áurea ausência do nosso amor

não cumpristes

e agora hei de partir…

amor esse que perdemos

numa estrada de dupla solidão

por isso, aprendi a viver com a razão

e agora tenho a solitude em minhas mãos…

parti…

…eis então que senti na pele

o prazer e a dor que é estar só…

vede que inconsciente solicitei tua presença

mas consciente lembrei que já não habitas em mim

isso me fortalece

pois, sem ofuscâncias

poderei seguir o poente porvir

à custa do exílio da tua taciturnosa e deliciosa companhia

complementar-me-ei com a vasta e vã antítese da arte do viver…

enfim, paz.

Lindy A
Enviado por Lindy A em 17/08/2021
Reeditado em 25/08/2021
Código do texto: T7322880
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