TRANSBOR/DAR

Eu tentei, tentei de todas as formas ser mais do que eu poderia ser.
Eu me doei do avesso, me atrevi ir além do que me foi proposto, porquê?
Porque eu amei um futuro inexistente, me interessei por profundidades rasas, me deixei viajar por sentimentos superficiais.
Achei que poderia mudar o curso do destino se o guiasse pela minha paixão, mas fui tola, não percebi o abismo que lentamente se aproximava.
Aos poucos fui me distanciando de quem eu era, minha essência já desbotada deu lugar a opacas lágrimas abotadas em meus olhos.
Transbordei demais, esse foi meu grande pecado, agora agonizo na sina inquieta que me impede regressar ao meu peito e suturar toda essa dor que me consome.
Meus pés estão à deriva nesse imenso jardim de cores mórbidas, onde foi que perdi os girassóis de mim?
Preciso de águas sinceras para regar minhas raízes, preciso que transbordem em mim um pouco de tudo aquilo que sem intenção de retorno, transbor-dei.
Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 16/08/2021
Reeditado em 16/08/2021
Código do texto: T7322002
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