QUEM SOU SOU
O reflexo no espelho não me diz a verdade e, os meus olhos escondem de mim a realidade.
O grito emperrado em minha garganta ecoa em meu peito, agitando minha alma, que, desesperadamente esmurra meu corpo na tentativa de fazê-lo reagir.
Tenho tantas flores em mim, despetaladas, antes mesmo de desabrocharem.
As marcas das podas me são visíveis, porém, nem todos enxergam; algumas são tão profundas a ponto de danificarem minha estrutura.
Já atingi a idade madura, mas o DNA de minha metamorfose foi modificado, não consigo produzir frutos, nem desenvolver minhas raízes, minhas flores são escassas e, quando uma ou outra brotam, são arrancadas sem piedade.
Estou cansada, fecho os meus olhos e tento discernir as cores, mas elas nunca estiveram aqui, tudo foi sempre preto e branco, mas até elas fizeram as pazes e se misturam deixando tudo cinza à minha volta.
O inverno tem sido rigoroso, embora vez ou outra brotem raios de primavera, o meu coração continua trancado.
Tenho medo de me deixar ser quem eu sou e acabar me machucar ainda mais.