Tic-Tac

Quando a alma se aquieta

o olhar deixa de serelepear pelo mundo

as janelas ocultas se abrem

trazendo uma cálida luz ao quarto torpe

que abriga sonhos naufragados e fantasmas

Olhar no espelho já não é o suficiente

tem de se olhar o refléxo do refléxo

a imagem de sí, na própria retina

transpaçar a opacidade do tempo

ler em cada sulco da pele ressecada

as digitais da história não contada

Liquefazer-se, tornar-se bruma...

que some quando o sol desponta.

Esconder-se nas frestas do tempo

na tentativa inútil de encontrar-se

A vida tornou-me invisível!

Imperceptível aos olhos alheios

que por vontade há muito tempo cerraram-se

atordoados ante o compasso ligeiro do relógio

olhando apenas para sí mesmos

doença social, que chamo :Indiferença.

(Campo Largo P.R - 15/03/2019)