Da minha janela

Trago em mim uma angustia presa no olhar, em meu peito um grito incontido ainda por dar...

No alpendre da minha janela vislumbro a vida passar sem demoras, e ela apenas passa e olha-me nos olhos mostrando como o tempo é ligeiro.

Deste meu olhar perdido, num horizonte incerto, foge-me o grito, vai ao longe, nesse emudecido abandono dos dias sem brilho, dos pensamentos em desalinho.

O sol continua brilhar, ainda posso sento-lo, nada mudou, aquém da névoa que meu olhar ofuscou.

À sombra da minha janela, busco respostas, busco encontrar uma sobra da luz que perdeu-se do meu olhar, busco uma fagulha que um dia foi chama viva que aquecia-me as noites frias.

Nada mudou lá fora, a pressa de chegar a algum lugar, pessoas caminhando desapercebidas tentando encontrar seu rumo, seus olhares perdidos em um amanhã mais belo

Não fora sempre assim?

E eu aqui numa espera aflita, do riso que evaporou, da suavidade para minhas asperezas, do calor do sol que da minha janela retirou-se.

Em meu olhar perdido espero novamente ver refletido o brilho que o tempo veio roubar.