ARTE LITERÁRIA
ARTE LITERÁRIA
Quando acordo, imagino ter lido,
relido e escrito em sonhos.
Leio e escrevo,
não só
quando estou desperto no corpo físico.
A leitura e a escrita,
também as exerço,
quando me reveste só o corpo fluídico.
Então,
o amor, o pendor às letras
é o mesmo,
em minha condição
de Espírito encarnado e desencarnado.
Fico contente com a solidão,
que torna possível
eu ler e escrever.
Embora ela seja aparente,
pois cercam-me
os amigos espirituais, consolando-me
com suas vozes
imperceptíveis aos ouvidos carnais.
Quando leio e escrevo,
me envolvo
no tempo
desse exercício preciso;
para que esse tempo me ofereça,
o encanto imaginativo
da memória fascinante.
Sinto prazer
em ler e escrever,
para exercer
minha fala silenciosa.
Para que,
minha visão
telepática me alcance no íntimo,
algum estro
à minha escrita em gestação.
Para interagir
com as gentes que habitam nos livros.
Que vivenciam
o cotidiano poético e prosaico.
Um prazer
de leitor e de escritor,
que mescla o fictício com o real,
porque ambos
integram a arte literária.
Quando durmo,
quem dorme é o meu corpo,
não o meu Espírito.
Ao desdobrar-me,
construo sonhos artísticos,
que serão lembrados
com o meu corpo desperto.
Meu corpo
ainda não morreu,
mas eu ensaio sua morte,
voando em meu perispírito;
a matriz da cópia carnal,
que repousa no sono reparador.
Enquanto vivencio
o meu desencarne parcial,
dentre os vários aspectos existenciais,
não me esqueço
do hábito salutar de ler e de escrever.
Na outra dimensão,
tudo é real,
fluídico e transcendente.
Sinto-me lúcido, leve e etéreo.
Na biblioteca,
Deus lê e escreve comigo.
Sou um deus eterno,
que continua a ler
e a escrever com Deus Eterno.
Chega a hora
de voltar ao corpo,
que está prestes a despertar.
A morte do corpo,
até então não é real.
No entanto,
é real o ensaio do desencarne
do Espírito,
como se o corpo tivesse morrido.
Tenho a nítida impressão
de que os sonhos,
refletem a atuação do Espírito
nas duas dimensões distintas.
Portanto,
ler e escrever,
para mim,
é uma dessas atuações salutares.
Seguramente,
acumulo aptidão
à arte literária,
desde vidas passadas;
exercendo similar experiência
na vida presente;
é uma tendência
artística,
que levo conservada,
no arquivo
da memória espiritual;
é um amor às letras,
que se integra
ao evoluir do meu Espírito.
Enfim,
leio e escrevo:
para me educar,
me instruir,
me informar,
me edificar,
me intelectualizar,
me moralizar.
Visto que, lendo e escrevendo,
eu presumo
que aprendo e compreendo
que Deus Eterniza no Amor,
a Sua Sapiência mais Simples.
Adilson Fontoura