Que Retornem
Aviando que tornem em palavras somente,
Claro, somente palavras de boca pra fora,
Que, preguiçosas em tudo, vão se içando lentamente
Mãos, pernas, senão, em quasi-forma
De velas bem postas e fortes navios de pedra
Porque são precisos os ires por mares
Por todos os lugares onde não estive
Terras quais línguas infindas não falo
Camas de carnes albardadas novas
Para ossos meus, ao menos em espírito
É o anunciar dos pequenos destinos,
Quem fala a gargantas de aço tinido
Daqueles que fariam quaisquer águas
Em terras firmes, o paradouro sem mágoas,
Paraíso que frutificará a quem não espera
Não há pressa, não há paciência
Nem interessa a idade da concupiscência,
Só um mundo que se faz servo ao andarilho,
O acaso que joga em favor e em desfavor
E uma apatia gigantesca à distância
Uma contradição que não me vence
Eu respirei da essência de chuvas,
E me acostumei às ruas nelas fundas
Tanto que se me diziam de corpo seco,
Hoje, têm-me todo o receio de falar ao certo
Passo de leve sob janelas alumiadas
De casas perdidas, quietas, pré-abandonadas
Passo de leve sob pontes mergulhadas
Eu dormira ali, noutras vezes, memórias ilibadas
Passo de leve, ainda é madrugada
Passo leve, que sou espírito
De coração fino e saudades inventadas
Lego tudo à cabeceira calada,
Lembro que falava de navios e velas içadas
E durmo lânguido, que ainda é madrugada