Que Retornem

Aviando que tornem em palavras somente,

Claro, somente palavras de boca pra fora,

Que, preguiçosas em tudo, vão se içando lentamente

Mãos, pernas, senão, em quasi-forma

De velas bem postas e fortes navios de pedra

Porque são precisos os ires por mares

Por todos os lugares onde não estive

Terras quais línguas infindas não falo

Camas de carnes albardadas novas

Para ossos meus, ao menos em espírito

É o anunciar dos pequenos destinos,

Quem fala a gargantas de aço tinido

Daqueles que fariam quaisquer águas

Em terras firmes, o paradouro sem mágoas,

Paraíso que frutificará a quem não espera

Não há pressa, não há paciência

Nem interessa a idade da concupiscência,

Só um mundo que se faz servo ao andarilho,

O acaso que joga em favor e em desfavor

E uma apatia gigantesca à distância

Uma contradição que não me vence

Eu respirei da essência de chuvas,

E me acostumei às ruas nelas fundas

Tanto que se me diziam de corpo seco,

Hoje, têm-me todo o receio de falar ao certo

Passo de leve sob janelas alumiadas

De casas perdidas, quietas, pré-abandonadas

Passo de leve sob pontes mergulhadas

Eu dormira ali, noutras vezes, memórias ilibadas

Passo de leve, ainda é madrugada

Passo leve, que sou espírito

De coração fino e saudades inventadas

Lego tudo à cabeceira calada,

Lembro que falava de navios e velas içadas

E durmo lânguido, que ainda é madrugada

H Reis
Enviado por H Reis em 30/07/2021
Reeditado em 08/11/2021
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