CHAMAS DO XAMÃ
*recomposto
Dá-me a boca tua.
Arrancarei dela tudo para meu alento.
Uma discrição chamada humor,
um desejo chamado amor
As umectações: és tu inteira, admirada, revelada, nua
Gotejo cada líquido dentro de ti,
a miscelânea nos alimentará.
O néctar não está na flor
Tua droga, teu chá alucinógeno
A boca é que induz ao pecado
Violo tua castidade pelo lábio
A língua acasala, trepa, deflora
Teu crime me alicia
Na boca depravada
Na hora do coito
Põe fogo na alcova
Suor, esperma
Na sala, no quarto, no quintal
Verborragia gratuita
Uma infusão qualquer
Uma pitada de veneno
A língua foi mais atroz
Que o clitóris
Deglutiu o amor
Arrancou gemidos e umectações
Sugou sucos nefandos
Num gargarejar imoral, impudico
E não me curou do teu vício.