CHAMAS DO XAMÃ

*recomposto

Dá-me a boca tua.

Arrancarei dela tudo para meu alento.

Uma discrição chamada humor,

um desejo chamado amor

As umectações: és tu inteira, admirada, revelada, nua

Gotejo cada líquido dentro de ti,

a miscelânea nos alimentará.

O néctar não está na flor

Tua droga, teu chá alucinógeno

A boca é que induz ao pecado

Violo tua castidade pelo lábio

A língua acasala, trepa, deflora

Teu crime me alicia

Na boca depravada

Na hora do coito

Põe fogo na alcova

Suor, esperma

Na sala, no quarto, no quintal

Verborragia gratuita

Uma infusão qualquer

Uma pitada de veneno

A língua foi mais atroz

Que o clitóris

Deglutiu o amor

Arrancou gemidos e umectações

Sugou sucos nefandos

Num gargarejar imoral, impudico

E não me curou do teu vício.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 29/07/2021
Código do texto: T7310168
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