Prosa sertaneja
A madrugada puxou as cobertas e a manhã saltou da cama calçando os pés de orvalho. O frio desenrola ventos, estendendo-os lentamente sobre as planícies. As pessoas se levantam e se espreguiçam diante das tarefas a serem cumpridas.
No brejo o silêncio balbucia calmarias para as raízes subaquáticas, enquanto o vergel das taboas se exibe soberano, tal qual tapete serpenteando pelos grotões. A estrada se estende em sinuosidade parecendo terminar adiante, mas segue distribuindo destinos. Entre quintais, regozijam-se as árvores frutíferas exibindo nos galhos toda fartura proveniente de sementes bem cuidadas. Vida na roça é desabrochar diário.
Mourões de madeira se avizinham em fileiras. Cravados de arestas mantém forçosamente os fios de arame farpado esticados. E nessas obrigações determinam limites. São membros amputados da mata. Acho que queriam ser apenas um abraço e não divisas.
As casas em suas simplicidades abrem janelas de sorrisos, deixando pedaços de sol se deitar nas colchas de retalhos abertas sobre as camas. O fogão a lenha se deleita no crepitar das labaredas transformando gravetos em brasas. E o bule se agita na efervescência da água para o café matinal.
A simplicidade das coisas é complexa, quando o olhar se detém em minúcias. E assim a vida segue entoando canções nas frestas do tempo. E as histórias se contam desenhadas em matizes de felicidade.