Cê ama eu ainda?
Foram as sumas conversas,
as confabulações autênticas,
as palavras honestas.
Foram as melhores viagens
os passeios divertidos,
as revelações marcantes.
Foram as múltiplas afinidades,
os ideais conexos,
os pensamentos congêneres.
Foram as glórias divididas,
as celebrações perfeitas,
as planificações compartilhadas.
Foram os melhores arrepios,
os toques sentidos,
os êxtases perfeitos.
Mas... Cê ama eu ainda?
Eu não te amo ainda, eu te amo.
Ama eu ainda?
Não gosto quando fala assim.
É apenas um jeito carinhoso.
Não gosto, dá a impressão de que vai acabar.
Não vamos deixar acabar.
Foram as inquietações desnecessárias,
os ultrajes profundos,
as incertezas frívolas.
Foram as distâncias longas,
os momentos exíguos,
As paciências curtas.
Foram as vidas passadas,
as sombras presentes,
as reminiscências obrigatórias.
Mas ao final, Cê ama eu ainda?
Descobri que não, eu sinto muito.
Não ama eu mais?
Não. Descobri que amor não é prisão.
Não te prendi.
Prendeu sim, sem querer.
Acabou mesmo?
Acabou.
O que deu errado?
Nada deu errado, deu certo.
Como se não estamos juntos?
Tudo tem início, meio e fim.
Acabou mesmo?
Acabou.