Domicílio
Por entre paredes de um dos domicílios, onde por vontade talvez, deixava-se salpicar lágrimas sobre a extensa longevidade dos negros e amordaçados lençóis. Sensação pura, sentir o frescor condensado no linho, rente à pele, sublimando a aspereza de não saber ser; ser esbelto, ser contente, ser carrasco, ser humano.
Entrelinhas fugazes acercam cabeças, enquanto palpitam os corações sem palpites.Lagrimas escorrem, por vezes, não vens a calhar, dizer ser tristeza.Ser jovem, esquecendo da finitude, crendo no mastigar do chiclete eterno, é confortante, porém, trás esperança, tempera com açúcar o naufrágio dos sorrisos. Não se quer pensar, no final, no decorrer de momentos eternizados para gerações póstumas, e sim, no que enquanto vive faz-te eterno.
Entre quatro paredes pode-se flutuar, permeado às margens do mundo.O fato da imobilidade nunca fará de alguém menos aventureiro, o pensamento na sua individualidade transborda entre as ínfimas e inatingíveis fraquezas da negação. Negam-se lágrimas as espreitas terem existido, negam encontros de amor por atemorizar o desconhecido.