O amor

E, novamente, tudo em mim mudou. Entretanto a saudade de tempos corridos ainda habita. Tantos planos, sonhos, desejos, percalços, conquistas, amores, sentimentos, enfim. Tudo se fez novo, de novo.

Afirmo que durante esses tempos conheci novos ares, mas a saudade do que um dia já fui insiste em não arrefecer. Alguns amores duraram mais que outros, uns foram mais intenso que outros, mas todos de maneira nenhuma foram perenes. Porém ainda tenho me apaixonado frequentemente, vagamente, como se fosse algo com validade, com começo meio e, um rápido fim.

Sinto aquela falta, digamos que até necessidade, de algum amor realmente pleno em toda sua essência, com aqueles altos e baixos. Mas acontece que meu coração nem acelera mais. Nós nos cansamos de todos esses amores efêmeros, com período certo para o término. Das conversas vazias. Das ilusões para satisfações. Das medidas comedidas. Do vazio que sempre insistia em permanecer.

O gesto de amar é, sobretudo, uma síntese de amizade e cumplicidade entre dois aprendizes. Não são apenas beijos que se beijam, mãos que caminham sem destino ou corpos que se fundem. O amor é além de tudo a união carnal, espiritual e mental, e mais que isso: são silêncios que se declaram, olhos que se compreendem, vidas que se unem, tanto nos ganhos quanto nas perdas.

Acredito que mereço mais do que venho aceitando. Assim como eu, desejo alguém que seja completo, sem meias palavras, sem gestos por trocos, que se doe com a mesma intensidade, que tenha amor não pensando em qualquer favor.

O amor é mais que duas sílabas, que entre as más línguas se tornam palavras que enganam o mais célebre dos atores. Um “eu te amo” é mais do que o ato da pronúncia. É algo que é sentido, e não dito. As pessoas devem entender que não existe vulnerabilidade na entrega completa de um amor. O que existe é a fraqueza da recusa de não se permitir amar.

Eu quero mais para a minha vida. Quero alguém que escolha, entre várias opiniões, me amar. Que se mantenha firme quando as ilusões do mundo tentar nos afastar. Quero alguém que me faça sentir como se fosse o único amor de Dona Flor. Quero alguém que me ame além de mil e uma noites. Quero um amor que não espere o epitáfio. Quero a coragem de um amor como o de Iracema. Quero um amor fiel como o amor sentido por Inês de Castro. Enfim. Só quero um amor que por amor me queira também.

Otto de Albuquerque
Enviado por Otto de Albuquerque em 20/07/2021
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