Metamorfose
O som das gotículas de água molhando as folhas,
acompanhados da sutil melodia,
o tilintar do mensageiro dos ventos embalado
por essa brisa estranha que sussurra em meu ouvido
Despertando-me da hibernação
Meu corpo ainda sonolento
os olhos, delicadamente, vão se abrindo
e a visão procura um foco
Mas tudo ainda está embaçado
Tsc… ainda não é a hora
Penso comigo enquanto levo as mãos
ao rosto
Porém, não existe outro meio
Vou procurando um espaço, uma fresta, em meio ao casulo que me protege
Vagarosamente vou abrindo caminho
enquanto respingos de chuva molham minha pele
Um fluxo energético flui por minhas veias, músculos, tendões
Alimentando o despertar de cada
célula, cada partícula minuscula
Que forma esse meu pequeno ser.
Ao longe observo a casa já está com
as luzes acesas
De dentro escapa o sorriso límpido
Que se assemelha a guizos, em meus ouvidos
Sem me demorar entendo
É por ela que estou aqui
Sem demora desenrolo minhas asas
que cintilam em tons multicor
Lançando-me em voo livre
Na direção da minha missão
Manter os guizos de felicidade
Da minha protegida a salvo
Contudo, de súbito sou surpreendida
A imagem que vejo através do vidro da janela
Sou eu ou é ela?
Ela sou eu e eu sou ela.
16/07/2021