Andarilha
Que importa o espaço?
Que importa onde estou?
Ou quem sou?
Eu, que sempre fui estrangeira
em meu próprio corpo,
eu, que há muito tempo não tenho identidade com o mundo,
para mim os lugares, desmancham-se em meio ao oceano de meus sentimentos esquecidos e infortúnios.
Não! Não importa onde estou:
Aqui ou ali...
Que diferença faz?
são só espaços cheios de incertezas
consciências de inconsciência,
Inconstâncias, inconsistências em
espaços de solidão.
Viro a página, reviro a vida,
escrevo um verso…
escrevo uma poesia
reescrevo histórias
percebo que sou livre,
pois não sou igual aos outros,
E os outros não conhecem a verdadeira liberdade, mesmo em foços.
Para além de meus versos
ainda sou capaz de levar comigo um sorriso, sentir o vento bater no rosto
Nobre ao menos em sua consciência de ser apenas humana...
Quantos anseios, quanta vontade...
De amar, de ser amada, desejada
De me libertar dessa casca, dessas correntes, chamadas de efemeridades
E ser livre, além de mim mesma, e ocupar os espaços vazios de minha alma tão intensa, transbordar sem contenções
sem conhece os limites que o corpo impõe.
Minha alma não aceita limites,
Ela sonha, deseja, viaja, para além
Do que esse vulnerável massa permite.
Min'alma, toca lugares, altares, que o corpo jamais ousaria tocar.
Min'alma andarilha, sempre buscando saídas, para as prisões que a vida sentencia, ela é toda magia e escolheu ser poesia.
Min'alma viajante, de lugar nenhum, e todos lugares em um, que cabe na imensidão do espaço, em universos intocados, imaginados... ou até mesmo dentro do calor de um abraço.
Que importa?
Não estou...Eu sou!
Heterônimo
Maria Mística