É incrivelmente belo
É incrivelmente belo aquilo que nos permite ir em sobreposição aos lugares predeterminados. É vivo o seu compor à nós. É incessante o seu bailar em dança inédita e é preciso o seu entoar em tons diversos. Ele, não se aninha em ritmo único, é dele toda a diversidade que se multiplica ao infinito e isto, diz de atributos que está além da nossa compreensão.
Falar dele é apenas ensejo ou desejo de recantos íntimos que se comunicam para não esquecer ou preencher-se de sentido. E até se deseja outras palavras que lhe descreva a face em meio as letras. Mas, elas se calam em algum ponto e nos pedem distância - para compor a proximidade é preciso saber deter-se. Então, cala-se, distancia-se e permite-se ir, nos braços desse que sustém a nós, dito mistério.
Mas, como não ver a chama em tanta dança? Não permitir que a magia nos leve e fale por si? Como não se deitar aconchegada em meio as brasas que antes nos fez te repelir?
Como não aquietar-se junto ao coro de aquecidas concordâncias? Que discordam e é nisso que fazem par. Par de parceria esquecida num silêncio qualquer. Porque é nesta voz que entoa tua letra.
E como que querendo perder-se ao longe e distanciar-me de ti, retorno, só para reafirmar suas próprias palavras de dizer que não há lugar nenhum e como voo, não pega, apenas voa.
Por isso, talvez, seja incrivelmente belo, o seu sobrepor-se à nós e amoroso demais em nos deixar disso provar; o ar em vento brando que teima em refrescar a face.
Das tuas mãos recebo o cálice e sem diretrizes que me apontam gestos, permito desde a pele o teu toque em abraço e o vinho que me dessedenta a alma, em preenchimento!
Kátia de Souza -09/07/2021