Uma Oferta

Uma oferta
Hoje experimentei dores guardadas não sei bem onde
Aos pés da escadaria de uma igreja
Via-me jogada na calçada
Vislumbrei minha alma ensanguentada 
Corpo exposto, fraturas...
Todos me olhavam, ninguém me socorria
Ninguém ouvia meus gritos de socorro
Ninguém queria saber o porquê gemia, sofria, morria
Alguns olhavam com repulsa, outros alheios
Desejei compaixão, um abraço, uma acolhida
Não entendo por que somos, na maioria das vezes, indiferentes a dor do outro
Mirava a porta da igreja, mas faltava força
As pessoas me pisavam, cuspiam, ignoravam
Eram tão indiferentes e eu tão suja, tão necessitada
A sensação de querer morrer e não morrer é deveras terrível 
Estupefata, contemplo-me a olhar para mim mesma
Uma freira acompanhada de um senhor oferecem-me uma prece
Retorno ao meu presente
Confesso que ao sair daquele transe 
Supliquei aos Céus compaixão para todas as almas sofredoras
Supliquei alívio para todos aqueles que sentem dores na alma e no corpo
Supliquei a força necessária para nos superarmos
Supliquei a coragem necessária para romper com o ciclo de desesperança, tristezas, amarguras, angústias...
Supliquei a capacidade de resistir e reflorir 
Hoje colho o que, muitas vezes, semeei em meio a tempestades e desilusões.  
Todas as dificuldades foram aprendizagens...
Se hoje proseio entre as sombras e os sonhos
Porque aprendi a aprender em meio às dores
A desatar os nós que me prendiam ao medo 
Acender uma luz em torno das dores que encontrei da vida
Compreendi que aquilo que não consigo, no momento, mudar, posso buscar por outras vias 
Hoje, aprendi a colorir minhas emoções mais sombrias 

@aretuzapsantos
Aretuza Santos
Enviado por Aretuza Santos em 12/07/2021
Código do texto: T7298106
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