Senhora
Anciã é esta alma que carrego
Trago fragmentos, na carne estilhaços
Farrapos, adágios
De outras batalhas
Outras jornadas
Outros tempos...tempos longínguos.
Uma velha alma cansada, marcada, sedenta, que guarda sob o manto que cobre tantas feridas, tantas cicatrizes arcaicas.
Trago tantos sentires, de outras almas, de outras vidas, que às vezes leva um fardo por demais pesado, quase impossível de suportar,
Impossível mensurar quantas promessas, quantos amores, quantas vidas já vivi,
já morri tantas vezes, e outras tantas renasci...
Uma anciã que carrega trapos e arremedos de tantos passados, de outros tempos, de outros mundos entre os mundos e suas glórias, tantos flagelos esmiuçados sob o leque do firmamento, entre nervuras e canduras, sob um fino véu que divide minhas memórias de outrora.
Atemporal é esta minha alma anciã que vagueia peregrina, entre o que se vê e o que é inefável, inenarrável
Senhora de mim
de começos e fins, que ressurge dos confins, ligada a tantas outras almas afins.
Respeitável senhora, de sabedoria antiga
coroada como rainha, antes desprezada, andarilha com fome de pão, de afeto, de fé e comunhão, caminhante de velhos sítios entre a luz e a escuridão.
É esta quem sou, e tudo aquilo que comigo carrego, tão antiga como a própria sabedoria, por mares brávios navego.
...de presságios, de visões, ouvindo clamores do passado.
Alma minha, ave peregrina
Senhora Maria, magia antiga.
Heterônimo
Maria Mística