Cancioneiro da terra
Sou cancioneiro das modas da minha terra
Cantei adeus Sarita e parti para a Fronteira,
Pra levar a boiada e vender lá na feira.
Soquei o amendoim torrado no pilão, e fiz paçoca
Abri a porteira pra ver os bois entrar e presenciei os animais comerem no cocho, milho debulhado da palhoça recolhido para ser preservado do caruncho.
Sou poeta caseiro, ainda hoje sinto cheiro
do pão feito em casa, dos domingos regados a frango maionese e guaraná sou filho da terra de Tibiriçá
Sou poeta dos rios, do córrego barrento do coaxar dos sapos ao anoitecer.
Chorei...cantei...fiz o que o caboclo faz de melhor... plantei, colhi, distribui.
No sertão fui bóia fria, capinei marmelada no pé de café colhi algodão, fui entregador de marmita, engraxate e vendedor de picolé.
Carreguei lata d’água na cabeça e lavei a roupa no rio. Tive frio e dormi no colchão de palha com travesseiro com pena de ganso. Vi a morte do cabrito do porco e do boi, comi chouriço e tomei cachaça . Enchi de querosene a lamparina que iluminava minhas noites, ah! lampião de gás que saudades voce me traz.
Agora estou aqui no 11 andar de um apartamento moderno com um laptop ultima geração ouvindo o barulho dos carros o chiar do pneu do freio no asfalto. Ouço tiros e gritos buzinas e sirenes. Oh meu Deus! regredi.